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Países parceiros do projeto +Algodão realizam primeiro diálogo do fórum de diálogo latino-americano para o setor
Mais de 90 participantes, incluindo representantes de governos, pesquisa, extensão rural, associação de agricultores, universidade, entre outros, se encontraram virtualmente para o primeiro diálogo de abertura do Fórum Regional Algodoeiro dos Países Parceiros da Cooperação Sul-Sul Trilateral + Algodão . Os participantes reconheceram a relevância de criar essa rede institucional para trocar experiências e discutir soluções para os desafios enfrentados pela cadeia, principalmente devido à pandemia da COVID-19.
O encontro foi promovido pelo projeto regional + Algodão, executado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelos governos de sete países parceiros: Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Haiti, Paraguai e Peru.
A Coordenadora-geral da Cooperação Sul-Sul Trilateral com Organismos Internacionais da ABC, Cecília Malaguti, comentou sobre as reuniões virtuais promovidas pelo projeto para identificar soluções para superar os desafios do setor algodoeiro, principalmente gerados pela pandemia. Segundo Cecilia Malaguti, dessas reuniões surgiu a proposta de estabelecer um fórum para buscar estratégias comuns e complementares para o período durante e posterior ao COVID-19. "Esperamos que seja possível avançar, a partir deste fórum que será instalado, em soluções inovadoras e dar continuidade às medidas necessárias para seguir apoiando nossos parceiros nessa cooperação".
Rubén Flores, Oficial Principal de Políticas da FAO para a América Latina e o Caribe, explicou o trabalho da FAO de intervenção na crise de saúde, monitorando e acompanhando a situação nos países para que não se transforme em crise alimentar. Segundo o Oficial, a região passará por uma recessão, mas, da recuperação até a transformação dos sistemas produtivos, há uma importante oportunidade de inovar e, no caso do projeto +Algodão, que envolve principalmente a agricultura familiar camponesa, os elementos recuperação e transformação são importantes para que as atividades e ações garantam que os sistemas de produção continuem funcionando. Em relação à instalação do fórum regional, ele afirmou que “é essencial entender que esta é uma experiência relevante da cooperação sul-sul trilateral; é uma ação em território que aterriza, sobretudo, em nossos agricultores familiares camponeses” .
O Vice-ministro do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG) do Paraguai, Santiago Bertoni, indicou que, dada a situação atual, o setor agrícola mostrou que pode continuar trabalhando. " As cadeias de abastecimento na maioria dos nossos países foram mantidas e, agora, temos o período de restauração dos sistemas produtivos" . Santiago Bertoni afirmou que o setor de algodão é muito importante para a agricultura familiar paraguaia, mas é necessário inovar para superar esse momento, bem como os gargalos existentes na cadeia. "Por meio de um esforço conjunto e políticas comuns, podemos novamente posicionar o algodão como mais uma alternativa para os produtores familiares como uma importante fonte de renda" .
Mercado para o algodão latino-americano
Mónica Ayala, da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), apresentou as condições de mercado para os produtos da cadeia de algodão e o trabalho da Associação, entre eles, para ajudar Pequenas e Médias Empresas (PMEs) agrícolas a gerar ferramentas para incorporar seus produtos no mercado regional e expandir as possibilidades de mercado em escala regional. "Pretendemos gerar ferramentas, facilitando para líderes e tomadores de decisão certos insumos e fortalecendo suas capacidades de internacionalização" , afirmou. Monica Ayala enfatizou que é importante criar sinergias entre os conhecimentos dos tratados e dos acordos em nível regional e os conhecimentos da FAO e do projeto +Algodão, a fim de trabalhar e aprofundar o acesso a mercados e às boas práticas “para que nosso algodão na região, possa ter um mercado muito mais amplo e melhores oportunidades ” . Por sua vez, Sandra De León, da ALADI, apresentou um estudo sobre medidas sanitárias e fitossanitárias na cadeia do algodão, enfatizando que medidas para a proteção da vida e da saúde de pessoas e animais ou a preservação vegetal devem seguir regras fundamentadas em bases científicas, não podem ser arbitrárias, devem responder a uma avaliação dos riscos existentes e respeitar o princípio do Tratamento Nacional.
Ação regional para o algodão
Márcio Portocarrero, Diretor Executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), apresentou o cenário da cadeia de algodão no Brasil diante da pandemia do COVID-19. Na safra 2020/2021, os produtores brasileiros de algodão já venderam 35% da colheita em contratos futuros, no entanto, o grande problema devido à pandemia é “a extensão dos contratos de exportação, as dificuldades de armazenamento e o pagamento" . No cenário global, ele destacou o problema da comercialização devido à pressão dos preços mundiais do algodão causado pela forte queda na demanda.
Entre os vários gargalos comuns aos países produtores de algodão: o mercado mundial de algodão muito restrito e exigente; o aumento da concorrência com as fibras sintéticas; a crescente exigência de consumidores por produtos mais sustentáveis e de melhor qualidade; o problema que muitos países enfrentam com pragas de algodão; e o grande desafio de desenvolver programas de comercialização para fibra. "Atualmente, o único continente capaz de expandir a produção de algodão no mundo é a América Latina" , afirmou Portocarrero.
Diante do contexto brasileiro e mundial apresentado, somado ao conjunto de iniciativas realizadas pelo projeto +Algodão, que termina em 2023, Marcio Portocarrero propôs a organização de uma rede de relações entre membros do governo e produtores de diferentes países para promover um fórum regional algodoeiro para a troca de experiências.
Diálogos com países
A segunda parte da reunião foi para que cada país pudesse fazer um breve relato geral do atual contexto nacional. A comercialização, principalmente com a pandemia de COVID-19, foi um assunto importante para todos os países, gerando comentários sobre a crise de mercado e a busca de alternativas dentro e fora da região da América Latina. A Bolívia está medindo o impacto da pandemia nas comunidades produtoras de algodão, para desenvolver um plano nacional de reativação. Na Colômbia, estima-se uma redução de 80% no consumo da fibra pelo setor, com uma diminuição na demanda do setor têxtil.
O Equador também está preocupado com os baixos preços das fibras e busca nichos de mercado de moda sustentável para o algodão diferenciado. O Paraguai comentou a dificuldade logística de levar a produção até o centro de coleta e descaroçamento devido à pandemia, mas enfatizou que a aliança governo e setor privado é importante e que o algodão pode ser um apoio para a economia pós-pandêmica. O Peru destacou a importância dos programas de comercialização e as oportunidades que têm o algodão extralongo produzido no país; também destacaram o apoio ao projeto +Algodão na construção do Plano Nacional do Algodão, que será implementado.
A Argentina ressaltou o trabalho que realiza de parcerias público-privadas para apoiar os produtores, promovendo inovação, boas práticas agrícolas, mecanização e agroecologia. No México, a pandemia também afetou o setor de algodão, com impacto na produção, acrescentando que o país retomou as pesquisas para gerar variedades nativas de algodão para depender cada vez menos de sementes geneticamente modificadas.
Fonte: Com informações da FAO