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Países da América Central conhecem práticas agrícolas brasileiras para regiões de seca
Mais de 50 pessoas participaram do workshop internacional de troca de experiências em regiões semiáridas, realizado na terça-feira (19), durante a feira Semiárido Show 2019 , na cidade de Petrolina, em Pernambuco. O objetivo do encontro foi conhecer as boas práticas brasileiras no tema e compartilhar conhecimentos entre países do Corredor-Seco – El Salvador, Honduras, Guatemala – e o Brasil para enfrentar os desafios da agricultura em regiões de seca.
O workshop internacional para troca de experiências em regiões semiáridas foi promovido no âmbito do projeto regional “América Latina e Caribe Sem Fome 2025”, do Programa de Cooperação Internacional realizado pelo governo do Brasil, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), responsável por coordenar e financiar projetos de cooperação técnica, e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) .
A cooperação é uma contribuição para o fortalecimento do grande desafio da “Década da Agricultura Familiar na América Latina”, estabelecida pelas Nações Unidas com o objetivo de desenvolver a agricultura familiar em regiões áridas. Segundo o Representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, esse é um grande desafio do semiárido. “Em áreas semiáridas, em muitos casos, a alternativa é a migração, a desesperança. Portanto, é importante prestar atenção para gerar oportunidades, alternativas” .
Para o Representante, o intercâmbio de países da América Central do Corredor-Seco com o Brasil é uma oportunidade de conhecer um conjunto de experiências bem-sucedidas que podem ser replicadas de alguma forma e adaptadas às condições desses países.
Corredor Seco
Nas terras áridas da América Central, região denominada Corredor-Seco, vivem 10,5 milhões de pessoas. Com 40% da população dependente da agricultura de subsistência, os países do Corredor-Seco acumulam danos causados pelas secas, que se agravam devido às mudanças climáticas.
O Corredor-Seco da América Central (CSC) é uma das regiões mais suscetíveis à variabilidade e às mudanças climáticas. Abrange as planícies da área costeira do Pacífico e a maior parte da região pré-montanhosa central de Chiapas (no México), Guatemala, El Salvador, Honduras e Nicarágua, bem como a província de Guanacaste, na Costa Rica, e o Arco Seco do Panamá.
Dois dos dez países mais vulneráveis a riscos agroclimáticos do mundo estão no CSC: Honduras e Nicarágua.
Os desafios e soluções dos países
"Se temos água, tudo é possível" , disse Guillermo Cerritos, do Ministério da Agricultura e Pecuária de Honduras. Os hondurenhos apresentaram o projeto presidencial Colheita de Água. Nesta iniciativa do governo, a água é colhida para várias finalidades, como gado e irrigação complementar para hortas familiares, para a produção de alimentos e peixes para as famílias. Entre as lições aprendidas, Cerritos destacou a organização das pessoas: "é preciso organizá-las”, enfatizou.
Já Manuel Sosa, representante do Ministério da Agricultura e Pecuária de El Salvador, apresentou as boas práticas que estão em execução para o convívio com a seca: a experiência do país no Corredor-Seco. Segundo Sosa, a restauração das funções da bacia está sendo implementada para recuperar novamente as capacidades produtivas perdidas.
“Implementamos projetos de reflorestamento, zona de recarga de água, conservação do solo para infiltração. Também estamos promovendo, por exemplo, sistemas agroflorestais para que os produtores possam, de alguma forma, mudar suas práticas” , afirmou. Outra ação em implementação é a coleta de água durante a estação chuvosa, para que no verão possa ser utilizada para irrigação.
No Brasil, um conjunto de políticas públicas permitiu o acesso à água para consumo humano e produção de alimentos, como o Programa Cisternas, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Bolsa Família para áreas rurais, entre outros.
A analista da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Mônica Noleto, avaliou a importância da cooperação técnica como chave para a promoção do intercâmbio de conhecimentos entre os países. “A cooperação é uma maneira importante para o desenvolvimento dos países” , finalizou.
Até 26 de novembro, delegações de Honduras, Guatemala e El Salvador estão na cidade de Petrolina e arredores (no nordeste do Brasil) para trocar experiências e discutir alternativas para reduzir o impacto da seca nesses países da América Central e no Brasil. A missão conta com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido).
Fonte: Com informações FAO