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Membros da ASEAN conhecem diversos setores para possíveis parcerias no Brasil
A delegação do bloco asiático manifestou vontade de conhecer setores ligados à agricultura sustentável, pesquisa, tecnologia e inovação, capacitação profissional, meio ambiente, saúde pública e ciência. A missão visitou instituições brasileiras de excelência, já parceiras em projetos de cooperação técnica com diversas nações e blocos de países.
A escolha das instituições visitadas ficou a cargo da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, responsável por coordenar o sistema nacional de cooperação internacional do Brasil. Representantes da ABC e do Itamaraty acompanharam o grupo nos compromissos.
O sub-chefe da coordenação para a ASEAN do Itamaraty, Humberto Corrêa, disse que a regionalização constitui tendência no mundo contemporâneo, por meio de blocos regionais: “a ASEAN é uma associação bastante antiga, composta por dez países, com um nível de coesão e de políticas públicas que acontecem dentro desse espaço”, disse. “A parceria de diálogo setorial que temos com a ASEAN, desde 2022, é um passo muito importante para elevar o nível das negociações políticas, diplomáticas, econômicas, comerciais, científicas entre o Brasil e a Associação”, completou.
Os 11 participantes da missão visitaram empresas no Distrito Federal, na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo, a saber: Serviço Nacional de Apoio à Indústria (SENAI), Embrapa, Petrobrás, Fiocruz, Instituto Nacional do Câncer (INCA), Sirius - do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), mantido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI) - além de empresas de processamento e beneficiamento da cana-de-açúcar, etanol e bioprodutos. Conheceram, igualmente, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o Instituto Butantan, o Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Para Mogen Selvaraja, da Divisão de Cooperação Internacional e de Desenvolvimento do Ministério das Relações Exteriores da Malásia, a missão foi muito significativa e os temas interessantes, em especial as questões relacionadas à indústria da cana-de-açúcar, uma das mais importantes do país. Já Theresa Septiani, da Indonésia, se interessou pela pesquisa, desenvolvimento e inovação presentes no Brasil. “A Indonésia tem feito isso, mas não no estágio em que o Brasil se encontra”, revelou. “Precisamos de mais pesquisadores. Saber que apenas em São Paulo há oito mil pesquisadores é algo inacreditável”.
Hui Xin Liz Lee, de Singapura, classificou as duas semanas como muito produtivas, tendo oferecido a oportunidade de conhecer diferentes tecnologias e campos de pesquisa. “Para Singapura, uma área importante é a da saúde pública, já que temos uma população pequena e que está envelhecendo”, afirmou. “Enquanto os dados demográficos são diferentes dos daqui, o sistema de saúde pública do Brasil tem muito a nos ensinar”, atestou.
Humberto Corrêa lembra, ainda, que os países que compõem a Associação crescem muito rapidamente, sendo a região que mais cresce no mundo, atualmente. “Segundo o FMI, 10% do crescimento mundial de 2023 virá do sudeste asiático, então é muito importante que o Brasil se insira nessa tendência como parceiro horizontal”. Corrêa assinala que o sudeste asiático é responsável por 25% do superávit comercial com o Brasil. “A ideia é levar essa relação para além da relação de comércio e conseguir ter densidade em cooperação e conectar melhor essas duas regiões, a da América do Sul e a do Sudeste Asiático”.
A ASEAN é composta por onze nações: Brunei, Camboja, Darussalam, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Singapura, Tailândia e Vietnã. O Timor-Leste encontra-se em processo de admissão na Associação.