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Médicos angolanos se formam pelo INCA como primeiro resultado de projeto de cooperação técnica
“Corra atrás, estude, siga em frente, você é capaz” . Essas frases de motivação foram proferidas por colegas e professores do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) , e relembradas pelo médico angolano Mateu Kindomba durante seu discurso de formatura da primeira turma do Programa de Aperfeiçoamento nos Moldes “Fellow” de profissionais de Angola. O evento, que ocorreu na sexta-feira, 09/03, é fruto do projeto de cooperação técnica bilateral “Apoio à implementação e gestão de medidas para a prevenção e o controle do câncer em Angola”, coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores .
Kindomba e outros seis profissionais do Instituto Angolano de Controle do Câncer de Angola (IACC), dos quais quatro médicas, vieram estudar no Brasil por três anos, como residentes, e se especializaram em áreas diferentes: oncopediatria, radiologia, radioterapia, medicina intensiva, anestesiologia e anatomia patológica. O Dr. Kindomba representou os demais colegas e afirmou que “Essa formação do INCA nos confere um patrimônio relevante da nossa vida profissional” , acrescentando que “levamos um legado extremamente importante para o nosso país, que é o conhecimento técnico na área de câncer e suas diversas especialidades, e que vão gerar um impacto muito positivo para o nosso Instituto e para os nossos pacientes angolanos.”
O projeto de cooperação técnica entre o Brasil e Angola tem como objetivo contribuir para a consolidação da Política e do Plano Nacional de Prevenção e Controle do Câncer naquele país africano, bem como melhorar a atenção prestada nos serviços públicos de saúde angolanos quanto à detecção precoce, à confirmação diagnóstica e ao tratamento do câncer. A cooperação em oncologia foi estabelecida em 2018, e prevê a formação de 50 profissionais até 2024.
Saúde
A diretora do INCA, Cristina Pinho lembrou que várias instituições, além do INCA e do IACC, permitem a execução do projeto, a exemplo do Ministério da Saúde, as Embaixadas de ambos os países numa e noutra capital e a ABC. Pinho lembrou um dos princípios fundamentais presentes no processo de cooperação. “Quando cooperamos, aprendemos. E muito! Saber que Angola nos tem como um exemplo de quem poderia ajudar o país a consolidar a sua política e o Plano Nacional de Prevenção e Controle do Câncer nos orgulha e nos incentiva a continuar fazendo o melhor para alcançar avanços no Brasil”.
O Diretor da ABC, Embaixador Ruy Pereira, lembrou que a saúde é tema predominante na agenda de cooperação técnica internacional brasileira. “O Brasil, pela exitosa e dinâmica parceria desenvolvida entre o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Saúde, é um dos principais difusores da cooperação técnica em saúde no mundo em desenvolvimento”, reforçou. “Contribuem para isso não apenas a tradição e a reconhecida experiência de instituições de excelência mundial, como é o caso do Instituto Nacional do Câncer - INCA, como também os programas nacionais desenvolvidos pelo Ministério da Saúde brasileiro.”
O diplomata lembrou ainda que, apesar da COVID-19, os países seguem cuidando de outras enfermidades que afligem suas populações. “Iniciativas estruturantes como esta demonstram que os governos do Brasil e de Angola estão preocupados, sim, com a atual crise sanitária, mas estão também preocupados em que os cuidados com a pandemia não impliquem descuidar de outras enfermidades que afligem às populações e que demandam atenção como é o caso do câncer.”
O Chefe da Divisão de Cooperação Internacional da Assessoria de Assuntos Internacionais (AISA), do Ministério da Saúde, Rawlinson Dias Rodrigues, também mencionou o desafio vivido pelo mundo com a pandemia e a importância do evento nesse contexto. “O que estamos realizando aqui hoje é um momento muito positivo em que os setores de saúde dos nossos países dão um passo adiante na formação de seus profissionais.”
Já o Diretor do IACC, Fernando Miguel, dirigiu palavras aos formandos: “Este é o fim de um caminho, mas também é o início de uma outra caminhada, que não tem fim” , lembrando que a vida profissional exige aprendizado constante.
O Embaixador do Brasil em Angola, Rafael de Mello Vidal, declarou seu orgulho em participar da formatura dos médicos angolanos, reforçando que a atuação da cooperação internacional brasileira, por intermédio da ABC, representa uma das grandes vitrines da política externa do Brasil.
Já o Embaixador de Angola no Brasil, Florêncio de Almeida, relembrou que este projeto representa apenas uma de várias iniciativas de cooperação firmadas entre os dois países irmãos. Aos formandos, o diplomata angolano relembrou que, a partir do conhecimento adquirido no INCA, assumem a grande responsabilidade de salvar vidas, mesmo enfrentando condições desafiadoras em seu país de origem. “Reconhecemos a dedicação e empenho de todos para chegar até este momento” , incentivou.
Os formandos
Além de Mateu Kindomba, que estudou Radioterapia, formaram-se André Salomão Tomás Pedro (Anatomia Patológica), Fataki Lombuli (Medicina Intensiva), Maria Calambe Cumba (Radiologia e Diagnóstico por Imagem) Mbambi Cristina Nimi (Anestesiologia), Milungilu Isabel Lumeka e Zina Nguinamau Daniel Ndongala (Oncopediatria).
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Autor: Cláudia Caçador