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Instituto TARI-Ukiliguru em novo impulso para reforçar a produtividade da cultura do algodão
O Centro Ukiliguu (TARI-Ukiriguru), Instituto de Pesquisa Agrícola da Tanzânia na região de Mwanza, está estudando quatro novas tecnologias de espaçamento para o cultivo de algodão a fim de aumentar a produção no país.
Durante muito tempo, o plantio de sementes de algodão aplicava apenas uma tecnologia com relação ao espaçamento, e que estava desatualizada segundo afirmam os especialistas. A antiga tecnologia preconizava semear as sementes de algodão em covas a cada 40 centímetros ao longo de linhas, deixando um espaço de 90 centímetros entre cada linha.
Evelina Lukonge, Diretora de pesquisa e inovação do Instituto TARI, informou que o espaçamento de 90x40 em uso há muito tempo não tem sido benéfico para os produtores. Acrescentou que as mudanças climáticas a nível global tornaram essa antiga tecnologia obsoleta e que a pesquisa sobre as novas tecnologias de plantio do algodão iniciada em 2017 em colaboração com o Brasil será concluída este ano.
"O Brasil tem sido há muito tempo um dos principais produtores de algodão do mundo, e utiliza a nova tecnologia a qual estamos pesquisando em cooperação" , disse Lukonge. "Os esforços envidados pelo TARI em colaboração com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) visam conferir se as novas tecnologias de plantio podem ser adotadas na Tanzânia para melhorar as safras dos produtores de algodão" , disse. "Através do Projeto Cotton Victoria, estamos certos de que os produtores de algodão obterão o que almejam pelas suas glebas de terra. Estas novas tecnologias prometem render duas vezes mais com apenas um acre se comparadas com um campo de dois acres utilizando as antigas técnicas de espaçamento" , atesta Lukonge.
O Sr. Robert Ngumuo, pesquisador do Instituto TARI, diz que as novas tecnologias permitem também reduzir os custos de produção dos agricultores, uma vez que visam aumentar o número de plantas individuais nas parcelas de cultivo. As novas tecnologias estudadas pelos pesquisadores incluem espaçamentos de 50x30 e 60x30, sendo os outros de 70x30 e 89x30, embora estes possam ser alterados para 50x16,67, 60x16,67, 70x16,67 e 89x16,67, diz ele. "Utilizando a nova tecnologia em um acre, um agricultor pode plantar 71.000 sementes de algodão e colher de 700 a 800 kg em vez dos atuais 350 a 400 kg.”
O Dr. Paul Saidia, também pesquisador do Instituto TARI no Centro Ukiguru, estimula os produtores de algodão a adotar as práticas agronômicas modernas, pois incluem o uso de sementes melhoradas e recomendadas, além do espaçamento e insumos agrícolas apropriados para aumentar os rendimentos e trazer grandes benefícios para o setor. Segundo Saidia, o Instituto tem trabalhado em estreita colaboração com os agricultores, estabelecendo blocos de plantio modelos e de pesquisa para treiná-los nos melhores métodos agrícolas. "Nossos campos de pesquisa utilizam todas as ferramentas essenciais necessárias, como os fertilizantes e as sementes, um procedimento que vem aumentando as colheitas", disse.
O pesquisador observou que a maioria dos agricultores ainda não tinham o conhecimento e as habilidades suficientes para o cultivo comercial do algodão. "É por isso que estamos incentivando os agricultores a mudar suas velhas práticas agrícolas para abarcar técnicas agrícolas modernas para seu próprio benefício."
Ele ainda aconselha os agricultores a adquirirem os conhecimentos e as competências dos especialistas em matéria de conservação do solo para melhorar a qualidade dos solos. Segundo Saidia, há também um número expressivo de produtores que obtiveram bons resultados na utilização de sementes e fertilizantes modernos, embora ainda precisem aumentar o investimento para se atualizar e adotar as tecnologias mais recentes. "Atualmente estamos pesquisando novas sementes, que alguns agricultores estão testando nas regiões de Simiyu e Mwanza. Por isso, após a conclusão da pesquisa, tenho certeza de que mais agricultores vão começar a colher os frutos das suas lavouras de algodão" , disse. "Os agricultores precisam trabalhar com mais afinco nas práticas agrícolas para garantir que adotem as medidas certas durante a época de semeadura. Os novos espaçamentos para o plantio incluem 80 por 30 centímetros, 70 por 30, 60 por 30, e 50 por 30; com isso, os produtos obterão maiores rendimentos" , explicou.
O pesquisador lembra que há um esforço para garantir que a Tanzânia produza algodão de qualidade, o governo tem trabalhado em estreita colaboração com vários stakeholders para cultivar sementes de qualidade, oferecer empréstimos a grupos de agricultores e treinamentos regulares.
Alguns dos produtores que estão testando os novos métodos e tecnologias agrícolas propostos pelo TARI elogiaram o Instituto e afirmaram que a mudança iria transformar a vida de muitos agricultores no país. "Eu resguardei metade de meu campo de um acre onde apliquei todos os novos métodos de produção propostos pelos especialistas do TARI, utilizando a regra de 70 por 30 centímetros, além do adubo orgânico, e colhi o triplo em comparação com as colheitas dos anos passados. Então, encorajo meus companheiros agricultores a adotar esses novos métodos e testemunhar as mudanças" , disse Omar Sayi, um dos agricultores recrutados para participar da pesquisa do Instituto TARI.
O produtor Martine Kaganda, do Distrito de Kwimba na região de Mwanza, pediu ao TARI para expandir os serviços e garantir que as novas tecnologias cheguem à maioria dos agricultores, incluindo aqueles vivendo em áreas rurais remotas.
Autor: Tradução: Marguerite Marque
Fonte: Reprodução matéria publicada no Jornal The Guardian, Correspondente: Simiyu