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INSARAG: Brasil e Argentina discutem atuação conjunta na região
O Coordenador-Geral de Cooperação Humanitária da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Itamaraty, Ministro José Solla, e o Diretor do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), do Ministério de Desenvolvimento Regional, Armin Braun, reuniram-se, em 12/04, com a Presidente da Comissão dos Capacetes Brancos e ponto focal político da Argentina para o Grupo de Trabalho Consultivo Internacional de Busca e Resgate (INSARAG), do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Sabina Frederic.
Os dois países têm dialogado sobre ações de resposta humanitária em desastres, especialmente no âmbito do INSARAG, cuja rede global para respostas emergenciais se organiza em três regiões: Américas; Ásia/Pacífico; e África/Europa/Oriente Médio. Com 30 anos de experiência no desenvolvimento de metodologia, diretrizes e altos padrões internacionais para suas equipes de busca e salvamento urbano, o INSARAG dedica-se exclusivamente a respostas emergenciais a eventos sísmicos e estruturas colapsadas.
Nos últimos anos, à parte dos desafios impostos pela pandemia da COVID-19, as emergências humanitárias têm sentido impacto mais forte devido a eventos extremos causados por razões hidrometeorológicas e climatológicas devido à mudança do clima. Diante dessa nova realidade, são crescentes as discussões sobre a possibilidade de que as equipes de busca e resgate urbano da rede do INSARAG sejam dotadas de maior flexibilidade em suas respostas emergenciais. Para tanto, necessitam estar preparadas mediante o desenvolvimento de capacidades relevantes para o resgate especializado em outros tipos de eventos extremos, a exemplo de ciclones tropicais, furacões, tufões, estiagem, seca, queimadas e incêndios florestais.
Em vista disso, em janeiro de 2021, o INSARAG aprovou a criação do “Grupo de Trabalho sobre Resposta Flexível” (FRWG, na sigla em inglês) com o objetivo de desenvolver o conceito de “Resposta Flexível”. O FRWG é composto por três subgrupos de trabalho com as respectivas atribuições:
(i) “Posição Global”, sobre o conceito operacional da resposta flexível, com 18 membros selecionados pelo INSARAG em suas três regiões (pelas Américas, representantes da Argentina, do Brasil, do México e do Uruguai participam desse subgrupo);
(ii) “Centro de Coordenação de Avaliação de Desastres – DACC)”, sobre as diretrizes e metodologia dessa instância, com 22 membros (pelas Américas, representantes de El Salvador, dos Estados Unidos, do Haiti e do México); e
(iii) “Patrimônio Histórico-Cultural”, responsável pela revisão do projeto de “Diretrizes da UNESCO sobre Resposta ao Patrimônio Cultural” e pela redação de uma “Nota de Orientação Técnica” do INSARAG sobre o tema, com 11 membros (pelas Américas, representante dos Estados Unidos).
O encontro em Buenos Aires integra os esforços brasileiro-argentinos no âmbito da região Américas e também no plano global favorável à ampliação do escopo de atuação da rede do INSARAG para além do envio de equipes de resposta emergencial exclusivamente em terremotos e estruturas colapsadas. O objetivo é que o Grupo passe a incluir possível "resposta flexível" a emergências causadas por outras categorias de grandes desastres decorrentes de fenômenos hidrometeorológicos e climatológicos (cerca de 80% dos desastres que ocorrem no planeta, sendo que terremotos respondem por tão-somente outros 7% desses fenômenos).
Haiti
Na ocasião, também foi tratada a cooperação entre a missão humanitária multidisciplinar brasileira, chefiada pelo CENAD/MDR, e a missão humanitária argentina enviada pelos Cascos Blancos, em hospital público de Corail, no Departamento de Grand'Anse , no Haiti, após o terremoto ocorrido naquele país, em agosto de 2021.
Os Cascos Blancos são o organismo da Chancelaria argentina dedicado à concepção e execução da assistência humanitária, atendimento a emergências e gestão integral do risco de desastres.