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Inicia na Bolívia projeto +Algodão com a meta de revitalizar a produção em quatro municípios de Santa Cruz
Em 23 de outubro, a Vice-Ministra de Desenvolvimento Rural e Agrícola da Bolívia, Marisol Solano, iniciou oficialmente o projeto, cujo objetivo é levar à comunidade, aos indígenas, aos camponeses e aos produtores assistência técnica para melhorar a produção de algodão e fortalecer seus sistemas agroalimentares com algodão, bem como suas organizações.
O projeto +Algodão Bolívia é uma iniciativa de Cooperação Trilateral Sul-Sul executada de maneira conjunta entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO); o Governo do Brasil, representado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE); e os ministérios do Desenvolvimento Rural e Terras (MDRyT) e do Desenvolvimento Produtivo e da Economia Plural (MDPyEP), ambos da Bolívia.
"Estamos otimistas e saudamos o projeto que terá impacto nos produtores" , disse a Vice-Ministra Solano na cerimônia de lançamento, em Santa Cruz de la Sierra. Participaram do ato o Diretor-Geral de Desenvolvimento Produtivo em Pequena Escala, Nelson Aruquipa; o representante da FAO na Bolívia, Crispim Moreira; e a coordenadora regional do projeto +Algodão, Adriana Gregolin; Ana Elisa Bragança e Mariana Falcão, representando a ABC/MRE; além de autoridades locais e representantes de organizações de produtores.
Com um investimento de mais de um milhão de dólares, a estimativa é de que o projeto na Bolívia seja executado em 30 meses nos municípios de Pailón, Charagua, Gutiérrez e San Antonio de Lomerío. O Plano Operacional Anual até 2018 foi aprovado pelo Comitê Trilateral de Acompanhamento do Projeto (CAP), durante reunião em Santa Cruz.
Para Mariana Dias Falcão, que representou a ABC/MRE durante toda a semana da missão no país: "É gratificante fazer parte de um projeto em que o Brasil aprende e, também, contribui para o desenvolvimento do setor algodoeiro boliviano, um país irmão que nos recebeu com grande alegria e expectativa. Acredito que teremos um longo caminho a percorrer, mas com o envolvimento do governo boliviano, das comunidades e dos produtores locais, será possível alcançar os resultados esperados" , disse.
Após o lançamento, foi realizada uma missão ao longo de toda a semana nos municípios de Pailón e Charagua, onde foram inaugurados os escritórios de trabalho do projeto, foram realizadas as primeiras oficinas de trabalho sobre temas como Ater e Economia Solidaria, com a participação das organizações de produtores e comunidades indígenas.
Além da Bolívia, o projeto + Algodão é executado na Argentina, Colômbia, Equador, Haiti, Paraguai e Peru. Segundo a coordenadora regional do projeto, Adriana Gregolin, "o projeto tem a expectativa de articular os produtores de algodão para promover a práticas agrícolas sustentáveis, a recuperação de saberes, o fortalecimento de capacidades técnicas e de gestão e melhoria das condições de vida das famílias agrícolas, muitas delas indígenas" .
Dentro do espírito de cooperação que conduz o projeto +Algodão, Adriana Gregolin acrescentou: "Conectamos as iniciativas dos países latino-americanos produtores de algodão, contemplando todos os modelos de produção desse setor e os segmentos de produtores que nele atuam, promovendo o desenvolvimento de diferentes elos na cadeia de valor do algodão, com práticas inclusivas e trocas de conhecimentos respeitando os contextos e as realidades nacionais e as solicitações dos governos e instituições nacionais do setor algodoeiro" .
Na Bolívia, participam do projeto as instituições brasileiras cooperantes: Associação Brasileira de Empresas Estatais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer) /Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB) e Subsecretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério de Trabalho do Brasil (Senaes/MT).
Ações de campo
De acordo com o coordenador nacional do projeto, Ronald Quispe, inicialmente, serão priorizados a semente de algodão certificada, a água para irrigação de sistemas de produção e o fortalecimento de capacidades. "Um dos produtos do projeto será um Programa de Sementes de Algodão" , explicou o coordenador, que destaca que este programa será vinculado ao Instituto Nacional de Inovação Agrícola e Florestal (INIAF), com o apoio do Centro de Pesquisa Agrícola Tropical (CIAT), ambos da Bolívia.
Outras ações planejadas para o projeto +Algodão Bolívia têm como foco o desenho de um sistema de comercialização de algodão e de artesanatos justo e solidário; apoio em Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) para a prestação de serviços voltados à produção e comercialização de algodão; e a capacitação das organizações de artesãos indígenas e produtores tradicionais com foco em habilidades de gestão e comercialização.
De acordo com Juan Campero, presidente da Federação Departamental de Produtores de Algodão (FEDEPA), "no atual contexto, uma das necessidades mais urgentes dos produtores de algodão é a abertura de mercados de comércio justo" .
No final da década de 90, quando a produção de algodão estava no seu auge, houve uma queda nos preços. Com isso, grande parte dos produtores buscou outras atividades. A iniciativa de Cooperação Sul-Sul Trilateral que agora começa na Bolívia visa revitalizar novamente este setor, promovendo sistemas de produção sustentáveis para produtores familiares, comunitários, indígenas e camponeses; e fortalecer a agricultura familiar para a redução da pobreza e o alcance do paradigma do Bem Viver, além de gerar tecnologias e conhecimentos para ampliar a produção e a produtividade do algodão beneficiando todo o setor algodoeiro boliviano.
Foto: Bernarda Claure/FAO
Fonte: FAO