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Governo federal retoma cooperação técnica entre Brasil e Angola para atenção às pessoas com doença falciforme
Os Ministérios da Saúde dos dois países se reuniram esta semana para trocar experiências sobre estudos, políticas públicas e o modelo de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Angola, a hemoglobinopatia - doença falciforme - atinge quase 2% dos nascituros. A taxa de pessoas com traço falciforme é de cerca de 20%.
Durante a reunião, o Ministério da Saúde do Brasil apresentou as políticas brasileiras relacionadas ao tema. Conjuntamente, as equipes técnicas brasileira e angolana construíram um plano de comunicação em triagem neonatal, doença falciforme e doação voluntária de sangue, principal objetivo da viagem ao Brasil.
A visita também contou com a apresentação do curso ‘Teste do Pezinho’, envolvendo técnicos em triagem neonatal do Ministério da Saúde do Brasil e professores da Universidade Federal do Paraná. O projeto de cooperação permitirá a adequação do curso oferecido pela UFPR à realidade do sistema de saúde de Angola. Serão oferecidas 200 vagas para técnicos laboratoriais, médicos e gestores angolanos. Treinamento on-line está previsto para começar em 30 dias.
O médico pediatra Francisco Domingos, do Instituto Hematológico Pediátrico de Luanda, explica que Angola processa cerca de 150 mil bolsas de sangue por ano, mas apenas 20% da doação provem de voluntários. Segundo ele, a cooperação com o Brasil prevê, ainda, projetos para avaliação das doações de sangue, utilizando a experiência brasileira na captação de voluntários.
A visita da comitiva angolana ao Brasil contempla, ainda, reuniões com instituições de referência na área da doença falciforme nas capitais Belo Horizonte (MG) e Salvador (BA). A primeira fase da cooperação técnica entre os dois países foi realizada entre 2010 e 2016, com capacitação de profissionais de saúde do Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, para qualificação dos serviços prestados à população angolana, no que se refere ao atendimento clínico, diagnóstico laboratorial e por imagem, recuperação de lesões ósseas, triagem neonatal, tratamento básico, entre outros.
Doença falciforme
Trata-se de condição genética que causa alteração na forma das células do sangue, a hemoglobina, comprometendo o transporte de oxigênio para cérebro, pulmões, rins e outros órgãos. As manifestações da condição podem diferir de acordo com os indivíduos. Entre os sintomas mais comuns estão a anemia crônica, crises dolorosas associadas ou não a infecções, retardo do crescimento, infecções e infartos pulmonares, acidente vascular cerebral, inflamações e úlceras.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima o nascimento de 2,5 mil pessoas com doença falciforme por ano, em Angola. Embora a condição seja mais comum em indivíduos negros, no Brasil, devido à miscigenação, é observada em pessoas socialmente vistas como brancas ou pardas. O diagnóstico é feito na triagem neonatal com o Teste do Pezinho e pelo exame de eletroforese de hemoglobina.