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Estudo apresenta um panorama da agricultura familiar algodoeira na Colômbia
O projeto +Algodão e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com o apoio da instituição Conalgodón, realizaram estudo que caracteriza a produção da fibra no país
Publicado em
25/05/2022 00h00
Atualizado em
15/07/2024 10h45
Mais de oito anos de execução do projeto +Algodão geraram múltiplas lições e conhecimentos sobre a estreita relação entre a cadeia de valor do algodão, a agricultura familiar e a produção diversificada no setor, produto de sistemas agroalimentares instalados em territórios algodoeiros. Com esta introdução, foi aberto, no dia 28 de abril o webinário "Políticas públicas para a agricultura familiar na América Latina – o caso do setor algodoeiro", que apresentou os principais resultados da análise realizada sobre o setor na Colômbia.
O projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação sul-sul trilateral executada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), e pelos governos de sete países, incluindo a Colômbia, por meio do seu Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR). Este projeto integra as ações do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, que vem sendo desenvolvido desde 2013.
Panorama
A cultura algodoeira tem sido transmitida entre gerações de produtores dedicados à agricultura familiar na Colômbia, em associação com outros meios de subsistência agrícolas e que, por sua vez, garantem a segurança alimentar de seu núcleo familiar por meio do consorcio do algodão com culturas alimentares.
O estudo sobre a "Tipologia da agricultura familiar na cadeia produtiva do algodão" foi produzido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, liderado pelo professor Sergio Schneider, em parceria com a Confederação Colombiana do Algodão (Conalgodón), no âmbito do projeto de cooperação +Algodão. Nesse documento foram analisados fatores como a taxa de produção da cultura, suas vantagens competitivas e sua continuidade.
Segundo o professor Schneider, essa tipologia foi elaborada sob dois indicadores: o nível de produção e a diversificação. É um estudo que fornece uma classificação de agricultores em diferentes tipologias, essencial para a implementação mais eficiente e eficaz de políticas públicas voltadas para o setor na Colômbia. De acordo com o estudo realizado, na Colômbia, 69,1% dos produtores de algodão praticama diversificação de produtos em suas propriedades; no entanto, apenas 40% destes têm espaços (e,mesmo assim, muito pequenos) dedicados ao cultivo do algodão.
Outros aspectos identificados foram a baixa utilização de insumos biológicos na produção de algodão, bem como a alta demanda de mão-de-obra da agricultura familiar na cadeia produtiva. “Apenas 6% das mulheres algodoeiras receberam assistência técnica e extensão rural, o que chama a atenção porque este deve ser um elemento a ser considerado no desenho de políticas que vão ao encontro das necessidades dos produtores e das produtoras com processos de inovação e desenvolvimento sustentável” , explicou o professor Schneider.
A coordenadora regional do projeto +Algodão, Adriana Gregolin, disse que o estudo classificou a agricultura familiar algodoeira em três categorias: 1) em desativação; 2) em processo de diversificação; e 3) com especialização nessa cultura. “É um estudo que proporciona, por meio da contribuição da academia, uma perspectiva de futuro em termos de políticas e estratégias mais efetivas para o setor algodoeiro, e que pode ser utilizada pelo governo nacional, pela agremiação dos produtores de algodão e até pelo setor privado” , avaliou a coordenadora Gregolin.
Já Cecília Malaguti, responsável pela Cooperação Sul-Sul Trilateral com Organismos Internacionais da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ressaltou o papel de protagonismo que a iniciativa vem desempenhando na região: “O projeto +Algodão, iniciativa bastante cara ao Governo brasileiro, implementa atividades em países da América Latina há 10 anos e, nesse período, facilitou profundos aprendizados e férteis experiências às populações beneficiárias da iniciativa. O estudo produzido pelo professor Schneider é mais um oportuno produto da parceria Brasil-FAO na medida em que provê metodologia que facilita a implementação de políticas públicas colombianas no tema da cotonicultura.”
Apoio à Agricultura Camponesa, Familiar e Comunitária (ACFC)
Camilo Ardila, especialista da representação da FAO na Colômbia, apresentou alguns resultados do projeto Semeando Capacidades, iniciativa de cooperação Sul-Sul trilateral que foi executada pelos governos do Brasil e da Colômbia e a FAO para fortalecer instrumentos e políticas para Agricultura Camponesa, Familiar e Comunitária (ACFC), denominação ampliada do conceito de agricultura familiar, utilizada na Colômbia. Este projeto, finalizado em dezembro de 2021, também fez parte das ações do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.
Ardila explicou que, dentro do processo desenvolvido, baseado na troca de conhecimento com produtores e tambémcom instituições, academia e setor privado, uma das ações de destaque foi a extensão agrícola, "na qual, a partir do 'aprender fazendo', as práticas culturais são resgatadas e a transferência de conhecimento e a abertura à inovação são promovidas”.
Da mesma forma, o especialista da FAO Colômbia destacou a agroecologia como área na qual a participação da ACFC é plena, e poderia ser um modelo de desenvolvimento rural sustentável a ser seguido. A agroecologia integra múltiplos fatores que impactam positivamente o meio produtivo, ambiental e social, como pôde ser identificado durante o processo de construção de insumos para a atualização do Plano Estratégico de Ciência, Tecnologia e Inovação do setor agropecuário colombiano (PECTIA 2017-2027) e na proposta de diretrizes de políticas públicas em agroecologia para a Colômbia.".