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Especialistas senegaleses da área agrícola visitam novamente o Brasil
Mais uma missão de senegaleses veio ao Brasil como parte do projeto “Fortalecimento de práticas agroecológicas para o estabelecimento de sistema participativo de certificação no programa de fazendas ‘Naatangué’ no Senegal - PAIS-Senegal". O grupo esteve no Rio de Janeiro entre os dias 4 e 13 de setembro.
A visita marcou a 1ª Reunião do Comitê Gestor do Projeto, ocorrido na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) , em Seropédica-RJ, além de uma série de capacitações em sistemas agroecológicos.
O Coordenador de Cooperação com África, Ásia e Oceania da ABC, Nelci Caixeta, da ABC, agradeceu a parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), onde foi realizada a Reunião, e salientou que atividades resultantes do encontro vão permitir o acompanhamento das ações do projeto para assegurar que seus objetivos sejam alcançados. A cooperação brasileira com o Senegal, em agroecologia, já desenvolveu um exitoso projeto, que se encontra agora em sua segunda fase.
Impactos positivos
O Diretor do Serviço de Apoio à Iniciativa Privada da Agência Nacional de Integração e Desenvolvimento Agrícola (ANIDA) , Ndene Diouf, expressou satisfação pela cooperação estabelecida com o Brasil em diferentes temas na área de agricultura (agroecologia, rizicultura, maquinário, algodão).
“A primeira fase do projeto já teve grande impacto positivo em nível nacional, a partir do qual foi estabelecido, pelo governo senegalês, o programa de fazendas familiares Naatangué”, disse.
Diouf ressaltou que o projeto possibilitou a diminuição do uso de agrotóxicos e o aumento da diversidade agrícola nas fazendas. Também atestou que uma das atividades previstas na iniciativa, a criação de um “sistema participativo de garantia (SPG)”, terá grande importância no desenvolvimento de fazendas agroecológicas e que o governo senegalês já se planeja para aumentar o número de fazendas participantes.
Diagnóstico
Um diagnóstico das 20 fazendas senegalesas escolhidas para participar do projeto foi apresentado por Aly Ndiaye, da Pais Consultoria, e pelo professor da UFFRJ Antônio Abboud. Nele, uma análise das principais variáveis relacionadas ao manejo agroecológico, gestão econômica e aspectos organizacionais das propriedades foram destacadas conforme dez pontos: diversificação de hortaliças; diversificação de frutíferas; presença de árvores; baixo uso de agrotóxicos; baixo uso de fertilizantes sintéticos; uso adequado dos sistemas de irrigação; rotação de culturas; uso de composto e adubos; gestão e viabilidade econômica; planejamento da produção; qualidade da assistência técnica; satisfação com as vendas; e presença da criação de aves.
Para que o projeto tenha uma boa abrangência naquele país, foram selecionadas fazendas em três diferentes regiões do Senegal. Segundo a ANIDA, todas as 20 unidades Naatangué tem um kit de infraestrutura e um conselheiro agrícola responsável. A intenção, segundo a agência, é descentralizar as ações para alcançar os produtores de forma efetiva.
Capacitações em sistemas agroecológicos
As capacitações tiveram a participação de 10 agricultores e 2 conselheiros agrícolas, um grupo bastante diverso de produtores rurais selecionados de forma a abranger a área de atuação do projeto.
Os participantes conheceram diversas formas de produção na fazenda orgânica da UFRRJ, uma área de 75 hectares que é referência em agricultura orgânica tropical responsável por disseminar tecnologias para o Estado do Rio de Janeiro e outros estados do Brasil.
A Embrapa Agrobiologia promoveu uma capacitação sobre fertilidade do solo e diferentes fontes para a correção do solo. Na Fazendinha Agroecológica, os participantes conheceram formas de prevenção e controle de pragas e doenças, dentro de um sistema agroecológico e foram capacitados na produção de bioinsumos utilizados como fungicidas, inseticidas, acaricidas e fertilizantes do solo.
As capacitações incluíram, também, tópicos relacionados à venda dos produtos. Por isso, o grupo visitou duas feiras orgânicas, organizadas pela Abio (Associação de Produtores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro), no Rio de Janeiro, para conhecer melhor a forma de funcionamento das feiras e o processo de traçabilidade dos produtos. Outro ponto importante discutido foi a formação de preços e a viabilidade financeira tanto dos produtos orgânicos como das unidades produtoras.
No município de Seropédica, os senegaleses conheceram uma produtora certificada pelo SPG (Sistema Participativo de Garantia), modalidade que faz parte do projeto que está sendo implantado naquele país. Eles puderam verificar de perto como se dá o processo de renovação da certificação da fazenda.
Sustentabilidade
A estratégia de sustentabilidade do projeto também fez parte das discussões do grupo. A analista de projetos da ABC, Camila Ariza, sublinhou a importância de que o Senegal comece a pensar ações que garantam a perpetuação dos impactos positivos do projeto, mesmo após sua finalização. Nesse sentido, já há algumas atividades implementadas, como: garantir a instalação de equipamentos nas fazendas, fazer acompanhamento das unidades e promover a multiplicação das capacitações.
Conheça, aqui , mais informações sobre a primeira fase do projeto.
Autor: Claudia Caçador