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Especialistas brasileiros e mexicanos debatem, em Brasília, metodologias de gestão da cooperação internacional para o desenvolvimento
Nos dias 13, 14 e 15 de agosto, especialistas da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e da Agência Mexicana de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Amexcid) participaram da primeira atividade do projeto “Fortalecimento de capacidades de gestão e fortalecimento metodológico de cooperação internacional para o desenvolvimento na América Latina - México-Brasil”, no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
A iniciativa foi desenhada para possibilitar que as duas maiores agências de cooperação da América Latina possam compartilhar suas boas práticas em temas como a “Quantificação” da cooperação Sul-Sul (CSS), “Cooperação Trilateral”, “Avaliação” da CSS, “Gestão de Projetos”, “Relacionamento com a Sociedade Civil”, entre outros
Para o Diretor da ABC, Embaixador João Almino, a Amexcid possui experiências e mecanismos de gestão da cooperação internacional que interessam ao Brasil. “Com este intercâmbio, poderemos aprimorar as nossas próprias práticas de gestão da ABC, assim como alinhar posições comuns, com o México, em fóruns internacionais que debatem a CSS”, afirmou Almino.
A manhã do primeiro dia de oficina foi dedicada à troca de experiências sobre “Quantificação”. O Coordenador-Geral de Cooperação Multilateral da ABC, Márcio Correa, ressaltou que a quantificação da CSS é um desafio, na medida em que ela não é apenas financeira, mas incorpora o compartilhamento de conhecimento técnico, difícil de ser avaliado quantitativamente. Para ele, “nós temos algo a aprender com a Amexcid neste tema, que já tem um sistema de coleta e distribuição de dados monetários”.
Para o Diretor-Geral de Planejamento e Políticas de Cooperação CDI da Amexcid, Noel González, a quantificação é uma ferramenta de prestação de contas, que ajuda na conscientização da sociedade quanto à importância da CSS. “A cooperação é um instrumento para o desenvolvimento que também traz benefícios internos para o país doador. Assim se ganha força política no cenário internacional”, ressaltou González.
Pela tarde, o tema de debate foi a cooperação trilateral, modalidade em que o planejamento e a condução do projeto são compartilhados entre três partes, sejam países parceiros e/ou organismos internacionais. O Coordenador-Geral de Cooperação Técnica e Parcerias com Países Desenvolvidos da ABC, Wofsi Yuri de Souza, defendeu que o que possibilita que países com realidades culturais e níveis de desenvolvimento diferentes possam cooperar é “a troca com base no conhecimento, na experiência e na forma como se articulam os saberes e os recursos humanos em prol de um objetivo comum, a cooperação”.
O segundo dia do evento foi marcado por discussões e dinâmicas em grupo dedicadas ao tema “Avaliação” da cooperação Sul-Sul. Para González, a estratégia de avaliação deve ter como objetivos o aprendizado e o desenvolvimento das capacidades das agências de cooperação, assim como dos parceiros da iniciativa. A especialista da Coordenação-Geral de Planejamento e Comunicação da ABC, Juliana Fronzaglia, destacou a importância de aprimorar os mecanismos de avaliação da Agência: “Há uma expectativa de que a ABC coordene as discussões sobre avaliação e nós temos a necessidade de mostrar os resultados da cooperação tanto internamente, quanto externamente”.
No último dia de oficina, foram discutidos os processos de “Gestão de Projetos” e o relacionamento de ambas as agências com a Sociedade Civil. O Coordenador-Geral de Cooperação Técnica com África, Ásia e Oceania da ABC, Nelci Caixeta, apresentou a experiência brasileira na gestão dos projetos de cooperação. “O processo se inicia com uma demanda. Nós nunca vamos ao país oferecer soluções. Na medida das nossas possibilidades, nós buscamos ajudar”, explicou Caixeta.
Durante a tarde, formou-se um grupo de discussão sobre os desafios e as possibilidades do relacionamento das agências com a Sociedade Civil. González destacou que a Sociedade Civil pode exercer um importante papel nas iniciativas de cooperação: “A Sociedade Civil, em geral, se vê apenas como beneficiária dos projetos, mas eles também podem ser atores, pois têm conhecimentos e experiências importantes para compartilhar”.
Para a Coordenadora-Geral de Cooperação Técnica com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Alessandra Ambrósio, e a Analista de projetos da ABC, Anna Pérez, os projetos em que há um relacionamento direto com a Sociedade Civil têm características bastante específicas. “Quando se trata de um projeto com a Sociedade Civil, você não é visto apenas como um funcionário de uma organização, do Governo. São seus sonhos, seus valores, o seu trabalho que está ali envolvido”, concluiu Anna.
Próximos Passos
O próximo encontro entre brasileiros e mexicanos será em setembro, na Cidade do México. Até lá, os especialistas continuarão os debates e a troca de conhecimentos por meio de videoconferências. O Diretor-Adjunto da ABC, Embaixador Demétrio Bueno Carvalho, ressaltou a importância do intercâmbio entre Brasil e México: “Queremos aprender com vocês e esperamos que vocês também queiram aprender mais conosco”, concluiu.
O compartilhamento de experiências e boas práticas são princípios estruturantes da cooperação técnica e humanitária promovida pelo governo brasileiro. Iniciativas como estas possibilitam que as agências aprimorem e modernizem as suas práticas de trabalho e de gestão, em busca de maior eficácia e eficiência do trabalho que desenvolvem.
Autor: Isabelle Marie