Notícias
Encontro regional do Projeto "Más Algodón" fortalece princípios da cooperação Sul-Sul
Com o objetivo final de contribuir para o aumento de renda e melhora da qualidade de vida dos pequenos produtores de algodão, o projeto é uma iniciativa de cooperação Sul-Sul brasileira desenvolvida pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) , em parceria com o governo dos países do Mercosul e do Haiti, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) , Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) , Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) da Paraíba , Sub-Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES/MTb, com apoio do Instituto Brasileiro de Algodão (IBA) .
Na ocasião, os participantes mencionaram o caráter inovador deste projeto, devido ao fato de que todos os parceiros participam conjuntamente de todas as decisões tomadas, princípio conhecido como "horizontalidade" nas relações, caraterístico dos projetos de cooperação Sul-Sul desenvolvidos pelo Brasil. Desta forma, cada instituição apropria-se de forma mais responsável e comprometida das ações que desenvolve ao longo da execução do projeto. Para Adoniram Sanches, da FAO Chile: "Temos o desafio de fazer este projeto de forma trilateral (Brasil-FAO-País cooperante). Com ele, estamos caminhando de uma forma inovadora para combater a desigualdade nesta região do mundo" .
Outra característica importante do projeto é que cada "projeto-país" é desenhado de forma adaptada às necessidades específicas do país em questão. São realizadas missões exploratórias de diagnóstico, antes do projeto ser elaborado, por meio das quais são então identificadas as áreas prioritárias de atuação. Assim, as áreas de atividade do setor algodoeiro que receberão capacitação técnica, em cada um dos países, é definida caso a caso, após análise de qual é a necessidade principal e demanda específica em cada país.
Programa Regional de Fortalecimento do Setor Algodoeiro por meio da Cooperação Sul-Sul
Tendo como referência o "Programa Regional de Fortalecimento do Setor Algodoeiro por meio da Cooperação Sul-Sul" , assinado pelo Brasil e pela FAO, equipes técnicas visitam os países que manifestam interesse em participar da iniciativa e desenvolvem então, caso a caso, um "projeto-país" que responda exatamente às necessidades de assistência técnica identificadas nas visitas realizadas, sempre em conjunto com representantes dos governos nacionais. Neste sentido, o envolvimento direto e a apropriação das ações pelos Ministérios e instituições de pesquisa de cada um dos países é um requisito para que o projeto possa alcançar os resultados esperados, de desenvolvimento efetivo e ampliado, a longo prazo.
Com o objetivo último de contribuir para a diminuição da pobreza rural e da desigualdade, através do aumento de renda dos agricultores, o foco das ações destina-se ao fortalecimento da agricultura familiar, de modo que a plantação do algodão seja uma alternativa para o desenvolvimento rural sustentável destas regiões.
Vale ressaltar que, de acordo com a FAO, 80% da agricultura produzida nestes países é feita por meio da agricultura familiar. Adicionalmente, a realidade atual do setor do algodão enfrenta diversos desafios, tais como degradação dos recursos naturais/meios de produção, concentração de terra, concentração da indústria têxtil, comércio global com grandes distâncias, entre outros. Há, ainda, a concentração de conhecimento técnico, que acaba por excluir o pequeno produtor do acesso a informações sobre soluções de modernização da sua produção e aceso à tecnologia de ponta.
Encontro regional projeto "Más Algodón"
Com cerca de 30 participantes, o evento contou com diversas apresentações e momentos de diálogo sobre o estágio de desenvolvimento do projeto na Bolívia, Colômbia, Peru e Paraguai, além de exposições feitas pelas instituições brasileiras cooperantes: Embrapa, Emater-PB e Senaes-MTb, que relataram de que forma se dá o envolvimento das mesmas na iniciativa, de acordo com os seus respectivos conhecimentos técnicos. Em suas palavras de abertura, Cecília Malaguti, Coordenadora-Geral de Cooperação Técnica Trilateral com Organismos Internacionais, afirmou que a realização do evento tinha como objetivo alinhar com todos os sócios do projeto, a implementação das próximas atividades do projeto, de forma coordenada e conjunta.
Edson Seopa, do Ministério da Agricultura (MINAGRI) do Peru, falou sobre a realidade do seu país. Referiu que o algodão peruano é considerado de alta qualidade no mercado, e que a maior parte dos produtores, no país, são agricultores familiares. Em relação ao desenvolvimento do projeto "Más Algodón", que teve início no Peru em 2015, Seopa afirmou que as ações desenvolvidas conseguiram despertar o interesse dos agricultores em envolverem-se com o projeto para o aperfeiçoamento das suas produções, além de terem sido identificados meios de acesso ao mercado para a comercialização do algodão produzido. Além disso, afirmou que o governo peruano deverá lançar, ainda este ano, o "Plano Nacional de Algodão". Como desafios, Seopa mencionou a necessidade de fortalecimento das organizações de produtores, assim como a ampliação de acordos entre os produtores e a indústria têxtil.
No Paraguai, a responsável pelo projeto-país, América González, destacou a instalação de treze "unidades técnicas demonstrativas", cujo objetivo é identificar um sistema de produção rentável, adaptado ao país, através da utilização de novas tecnologia, demonstrando assim que o bom uso da biotecnologia permite aumentar e melhorar a produção de algodão. González destacou que, em seu país, as visitas de campo contaram com alta participação de jovens, vindos de escolas agrícolas. O projeto "Más Algodón", referiu, teria ampliado a mecanização agrícola e difundido o uso de novas tecnologias. Até o momento, 1.598 produtores e alunos de escolas agrícolas teriam participado de ações do projeto, além de ter sido identificado um aumento de 50% na produtividade do algodão.
Sobre a implementação do "Más Algodón" na Colômbia, Sofía Ortiz, do Ministério da Agricultura colombiano, destacou a importância do projeto, neste momento único de contexto de "pós-conflito" que o país atravessa. Na Bolívia, o representante da projeto-país referiu que projeto irá incluir nas atividades as associações de produtores indígenas que, até o momento, não estariam sendo envolvidos em projetos de cooperação na área da agricultura.
Ao final, além de aprovadas algumas linhas de ações para os próximos meses, foram restabelecidos acordos e entendimentos para a continuidade do projeto; assim como apresentado um plano piloto sobre mecanização e reforço do associativismo, que já estaria sendo implementado no Peru e no Paraguai. A iniciativa tem como objetivo contribuir para a melhoria das condições de trabalho dos produtores, através da mecanização da produção, principalmente durante a colheita do algodão; como também com o empoderamento das associações de produtores (através de se organizarem e trabalharem conjuntamente), de modo que consigam realizar compras conjuntas, tornem-se mais competitivos e independentes, gerando benefícios que alcancem todos os sócios. Como resultado, espera-se alcançar a r edução dos custos, a melhora da capacidade produtiva e a melhora da qualidade de vida dos produtores.
O projeto "Más Algodón" tem como objetivo contribuir, a partir de tecnologias, recursos técnicos e humanos, e experiências relevantes disponíveis no Brasil, para o desenvolvimento da cadeia de valor do Algodão de países em desenvolvimento produtores deste produto, em uma base de sistemas sustentáveis de produção.
Leia aqui a notícia sobre este encontro, e as fotografias , publicadas pela FAO.