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Embrapa reforça atuação na África e Caribe
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) decidiram aprofundar o modelo de cooperação "Sul-Sul" por meio da construção e recuperação de estações, laboratórios e campos experimentais em países mais pobres. O novo formato será testado neste ano com projetos na África e no Caribe.
Braço de cooperação internacional do Itamaraty, a ABC reservou US$ 1,5 milhão para empreendimentos no Haiti e US$ 3,5 milhões nos países do chamado "Cotton 4", formado por Mali, Benin, Burquina Faso e Chade. A Embrapa cederá um grupo de pesquisadores para trabalhar nessas estações, além de doar materiais genéticos para multiplicação em campo.
Os novos projetos, que devem ser levados a outros países, avançam no formato da mera capacitação técnica de pesquisadores para a edificação de estruturas e equipamento de laboratórios nos países beneficiados. Até então, a Embrapa fazia apenas treinamentos e os pesquisadores voltavam a seus países de origem para aplicar processos e tecnologias criados no Brasil. Agora, serão agregadas as práticas das novas técnicas no país de origem, com supervisão e acompanhamento de cientistas da Embrapa. "Uma coisa é estudar, outra é enxergar a agricultura local com os olhos da Embrapa", diz o coordenador de Cooperação Internacional da estatal, José Madeira.
"Queremos projetos mais abrangentes, dentro de uma linha comum de ação com a ABC. Com isso, ganhamos visão para operar de maneira mais efetiva". Os projetos terão apoio à montagem de estrutura para receber equipamentos e materiais genéticos de multiplicação e testes, um centro de referência para observação permanente da Embrapa e outras instituições parceiras. "Vamos transferir técnicas, sem desenvolver pesquisa científica muito apurada, mas com ênfase nas demonstrações e testes em campo", afirma.
No Haiti, o objetivo é produzir alimentos em larga escala com foco em milho, arroz, feijão e mandioca. Serão levados sistemas de produção baratos e variedades mais produtivas, além de introduzidas técnicas de uso de fertilizantes, controle de doenças, mecanização e instrumentos de plantio. O projeto terá sede em Miragoâne, no departamento de Nippes, sul do país. A ABC tem reservados US$ 4 milhões para aplicar a fundo perdido no Haiti, mas serão investidos no projeto agropecuário US$ 1,5 milhão em três ou quatro anos, a Embrapa entrará com US$ 800 mil em salários dos pesquisadores.
O empreendimento no "Cotton-4" terá sede em Bamako, a capital do Mali. O objetivo é tornar o projeto referência no treinamento para ações de desenvolvimento regional. Lá, haverá a recuperação da estação experimental, construção de laboratórios, salas, dormitórios e de uma área degradada de 23 hectares onde antes era plantado café.
Como os quatro países têm no algodão a principal cultura, em função de preços e mercados garantidos, a Embrapa levará variedades mais produtivas e resistentes à seca. Também trabalhará com os pequenos produtores, cuja propriedade média chega a 1 hectare. Esses agricultores costumam utilizar apenas um terço da terra com algodão. No restante, plantam para a subsistência.
Por isso, a Embrapa introduzirá variedades de arroz sequeiro, milho e milheto. "Vamos adaptar cultivares à condições de clima e solo, aumentar as opções, fazer manejo integrado de pragas e introduzir análises de solo para racionalizar uso de fertilizantes", diz Madeira. A ABC tem orçamento de US$ 4,5 milhões para o "Cotton-4", mas o projeto agropecuário levará US$ 3,5 milhões. A Embrapa doará US$ 900 mil em salários e materiais genéticos.