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Dia de Campo no Paraguai promove demonstrações da colheitadeira de algodão para agricultura familiar
Desenvolvida pela EMBRAPA Algodão, a máquina é opção viável para a agricultura familiar algodoeira da América Latina.
Publicado em
20/06/2022 00h00
Atualizado em
15/07/2024 15h21
Agricultores familiares, técnicos de campo e representantes dos governos do Paraguai, Brasil e Colômbia se reuniram no departamento de Caazapá, Paraguai, em 24/05, para um Dia de Campo voltado à inovação na colheita do algodão em pequenas propriedades. Os participantes conheceram o protótipo de colheitadeira de algodão desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Algodão) no âmbito do projeto +Algodão, criada especificamente para atender aos agricultores familiares.
Após uma série de testes no Brasil, em 2020 e 2021, o Paraguai foi o primeiro país a receber a máquina para demonstrações em campo, assim como para a troca de experiências e boas práticas em mecanização de colheita com base nesse protótipo.
O projeto +Algodão, fruto da Cooperação Internacional Brasil-FAO, é executado em conjunto pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e por sete países parceiros, incluindo o Paraguai e a Colômbia.
O Vice-Ministro da Agricultura Familiar do Paraguai, Ebert Villalba, esteve presente para conhecer a colheitadeira. Segundo ele, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG, pela sigla em espanhol) considera fundamental recriar o entusiasmo pelo cultivo do algodão e destacou a importância da máquina: “Estamos muito gratos por essa cooperação, que nos deu a oportunidade de trabalharmos juntos para reviver o algodão no Paraguai” , disse.
Representando o governo brasileiro, Carolina Salles, analista de projetos da ABC, comentou que deseja que os produtos gerados a partir dessa cooperação, como é o exemplo da colheitadeira, "apoiem os agricultores no desenvolvimento de suas melhores técnicas e na produção de algodão" .
Protótipo
Na ocasião, técnicos da Embrapa Algodão fizeram apresentações sobre as características do protótipo, os requisitos mecânicos para sua funcionalidade, informações sobre o preparo da terra para o uso da máquina, além de orientações sobre o manejo do solo pós-colheita, como a rotação de culturas e o cultivo de adubos verdes de inverno, entre outros.
O agricultor familiar, Elías Aquino, que participou no Dia de Campo, comentou que o algodão pode voltar a ser um cultivo muito rentável, se forem aplicadas novas tecnologias e “se o agricultor quiser implementar e inovar na sua forma de trabalhar” .
Adriana Gregolin, coordenadora regional do projeto +Algodão, pela FAO, falou da importância do trabalho conjunto entre o Governo brasileiro, a FAO e o Governo paraguaio, destacando a importância do algodão não apenas como cultura, mas também como parte de uma estratégia de segurança alimentar. “Estamos falando de sistemas de produção, em que o algodão gera renda e outros cultivos contribuem para a segurança alimentar das famílias”, afirmou.
Colômbia
Também participou do Dia de Campo uma delegação da Colômbia, composta por representantes de diversas instituições colombianas que trabalham com agricultura, bem como produtores e técnicos do projeto +Algodão Colômbia. O grupo esteve em missão ao Paraguai para conhecer as experiências e boas práticas no cultivo algodoeiro no país, bem como a colheitadeira.
Colheita mecanizada de algodão na agricultura familiar: uma opção viável
Durante a parte prática do Dia de Campo, foram realizadas demonstrações da colheita mecanizada do algodão com o protótipo da máquina. A colheitadeira foi desenvolvida pelos pesquisadores da EMBRAPA Algodão Odilon Reny Ribeiro e Valdinei Sofiatti, e pode colher 1 hectare em 3,5 horas, o equivalente a 120 hectares em 30 dias. Este protótipo pode se tornar uma opção altamente viável para cotonicultores da América Latina, bem como para suas organizações e cooperativas.
O pesquisador Tarcísio Gondim, da EMBRAPA Algodão, explicou os benefícios da colheita mecanizada, que permitirá ao agricultor planejar sua colheita e acelerá-la, aumentando assim seus lucros. Ele também destacou a importância do trabalho comunitário, de forma organizada, entre os agricultores para a definição e escalonamento do cultivo, o que favorecerá a movimentação das máquinas para a colheita do algodão e, consequentemente, a possibilidade de atender ao mercado.
As demonstrações e teste em campo no Paraguai continuarão durante o mês de junho, com o objetivo de verificar o funcionamento da máquina, validar tecnicamente seu desempenho nas propriedades de pequenos produtores e produtoras de algodão, além de promover o uso de adubos verdes de inverno para rotação do algodão como estratégia de melhoramento e conservação do solo.
Seminário Internacional
Em 23/05, os participantes do Dia de Campo já haviam se reunido para participar do seminário internacional “Projetos de Cooperação Sul-Sul Trilateral e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável do setor algodoeiro” , promovido pelo projeto +Algodão. A Primeira-Dama do Paraguai, Silvana Abdo, participou da abertura do evento, destacando as conquistas das mulheres rurais e artesãs que trabalham com algodão. "O algodão é a matéria-prima essencial para a produção de tecidos e fios no artesanato paraguaio" , disse.
“Algodão é amizade, é cooperação Sul-Sul e, também, é comércio” , disse o Ministro da Agricultura e Pecuária do Paraguai, Moisés Bertoni, em seu discurso de boas-vindas. O ministro destacou a importância do algodão como alternativa rentável para os pequenos produtores. "Temos que garantir aos pequenos agricultores matéria-prima de forma eficiente, sustentável e, sobretudo, incorporando a tecnologia mais adequada e adaptada."
Em nome do Governo brasileiro, o ministro Marcelo Araújo, da Embaixada do Brasil em Assunção, destacou o papel da EMBRAPA como uma das instituições brasileiras mais destacadas: "Com o projeto +Algodão, a Embrapa demonstra sua capacidade de aliar humanismo e ciência."
Durante o seminário, foram apresentados os resultados do projeto +Algodão no Paraguai e na Colômbia. Entre 2014 e 2021, no Paraguai, o projeto capacitou cerca de 2.000 pequenos agricultores e 560 técnicos de instituições nacionais, em 36 sessões. Além disso, as boas práticas agrícolas foram validadas e divulgadas junto a técnicos, agricultores e agricultoras em 15 áreas de terrenos de demonstração. Em 2022, o projeto iniciou uma segunda fase no país.
Na Colômbia, iniciou suas atividades em fevereiro de 2017, tendo compartilhado conhecimento técnico com pelo menos 1.387 agricultores e 699 técnicos dos setores público e privado. Com o apoio do projeto, o algodão foi posicionado como uma das 10 culturas prioritárias do governo no Plano Nacional de Desenvolvimento.".