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Delegação de Uganda vem ao Brasil conhecer Programa de Alimentação Escolar
“Nós viemos para a escola” . A frase é da Ministra da Educação e dos Esportes de Uganda, Rosemary Seninde Nansubuga, durante o evento de abertura da visita de representantes de Uganda ao Brasil, que ocorreu nesta segunda (18), em Brasília.
A “escola” à qual a ministra ugandense se refere está concentrada em uma série de visitas técnicas e reuniões nas quais o Brasil apresentará, para uma delegação de 16 representantes daquele país, o sistema de alimentação escolar, particularmente o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) , executado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação.
O diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), embaixador Ruy Pereira, lembrou ao grupo que o programa de alimentação escolar não é apenas um assunto educacional, uma vez que envolve muitos atores da cadeia produtiva, se consideradas todas as fases que vão desde a produção, no campo, maioritariamente por agricultores familiares, até o alimento servido no prato da merenda escolar. “Há todo um encadeamento de atividade produtiva do País que faz com que o programa se torne um assunto de política macroeconômica, com impacto direto no funcionamento de várias políticas públicas” .
A missão foi organizada em parceria pelo Centro de Excelência contra a Fome, do Programa Mundial de Alimentos (CdE/PMA) e pela ABC. Durante os próximos dias, a delegação africana irá conhecer de perto detalhes técnicos sobre a legislação que envolve o PNAE, a dinâmica do modelo de alimentação escolar conjugado com a agricultura familiar, visitarão escolas urbanas e rurais beneficiadas pelo Programa e o CEASA, Centro de Distribuição de Alimentos, além de conhecerem a realidade dos agricultores familiares que fornecem os alimentos consumidos nas escolas.
Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência contra a Fome, ressaltou a importância dessa missão para Uganda, que enviou quatro ministros de Estado. “A presença de quatro ministros é uma amostra de que eles entendem que políticas públicas como essas são integradoras e que o sucesso delas depende dessa integração” , alertou. “Para nós é muito gratificante ver que mais um país da África está vindo conhecer a experiência brasileira, que tem servido de modelos para tantos outros países.”
Referência
O Programa Nacional de Alimentação escolar já tem mais de 60 anos de existência e, embora executado pelo Ministério da Educação, integra diversos atores envolvidos na cadeia produtiva do alimento. Essa atuação multidisciplinar foi destacada pelo coordenador-geral do PNAE, Valmo Xavier da Silva. “O Programa tem uma intersetorialidade com outros ministérios, que faz com que ele tenha uma magnitude” , disse. “Essa troca de experiências tem ajudado bastante a criação de programas de alimentação escolar em outros países e isso fortalece tanto a política pública brasileira como também aprendemos com a experiência de outros países ”.
Embora não esteja diretamente envolvida com a missão, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) enviou o seu representante de Uganda, Antônio Querido, para conhecer de perto os detalhes do Programa que envolve a produção familiar de alimentos. “Nós, enquanto FAO, vemos a dimensão da agricultura familiar como um importante elemento de sucesso para o programa de alimentação escolar e acreditamos que as boas práticas brasileiras servirão de modelo para a realidade ugandense ”.
A ministra da Educação destacou que a missão tem como objetivo conhecer em profundidade a legislação e o papel dos diversos atores para o sucesso do Programa. “Nós sabemos que para nos desenvolvermos é preciso dar ênfase à educação” , disse. “Nossa política é clara sobre manter crianças nas escolas, mas muitas estão deixando a escola por causa da falta de alimentação, e queremos conhecer as boas práticas em alimentação escolar do Brasil para mudar isso” , lembrou “Ao final dessa missão, estaremos ricos em conhecimento” , concluiu.
Autor: Claudia Caçador