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Das salas de aula para a produção de joias
O professor argelino de ensino médio, Amhidi Cherie, buscava algo que pudesse relaxar durante os momentos de folga da sua exigente atuação como docente. Ao iniciar um curso de lapidação facetada na Escola-piloto de joias em Tamanrasset, descobriu uma nova paixão para a qual quer dedicar cada vez mais tempo no seu dia-a-dia: a produção de joias. "Espero que esta possa se tornar minha profissão", declarou entusiasmado.
Durante visita de uma delegação brasileira que se encontra esta semana na Argélia, o professor Ahmidi fez uma série de perguntas ao Presidente da Associação Brasileira de Pequenos e Médios Produtores de Joias, Mineradores e Garimpeiros (ABRAGEM), Harilton Vasconcelos, sobre como ampliar a produção de jóias em sua região. O docente afirmou querer tornar-se um especialista e compartilhar todo o seu conhecimento com outros artesãos argelinos.
Os representantes brasileiros estarão em Tamanrasset, no sul da Argélia, até o dia 24 de julho, no âmbito do projeto de cooperação técnica entre o Brasil e a Argélia, "Transferência de conhecimento para a produção de gemas lapidadas, jóias e artesanato mineral", que tem coordenação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e implementação da ABRAGEM e da Câmara de Artesanato e Ofícios (CAM) de Tamanrasset, na Argélia.
Com duração de uma década, o projeto procurou contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da Argélia, por meio da implantação de uma Escola-piloto na qual especialistas brasileiros da ABRAGEM compartilham com os artesãos argelinos novas técnicas de trabalho com jóias, mais modernas e que propiciam melhores condições de trabalho, utilizando maquinários e equipamentos doados pelo Brasil.
A delegação brasileira que está em Tamanrasset irá realizar a avaliação final do projeto assim como identificar necessidades existentes, que poderão sustentar uma eventual próxima fase do projeto. Em suas palavras, o Coordenador-Geral de Cooperação Técnica com Países da África, Ásia e Oceania da ABC, Nelci Caixeta, afirmou que, após todos estes anos de projeto, é notável perceber o avanço da Escola-Piloto e a apropriação do projetos pelos argelinos.
Durante as conversas com os artesãos que tiveram aulas com os profissionais brasileiros, é possível perceber o carinho com que os artistas argelinos se referem aos professores do Brasil. O Representante Regional da CAM, durante a cerimônia de abertura dos trabalhos nesta terça-feira (17), destacou a importância do projeto para a região: "Com esta iniciativa, temos agora novas ferramentas para aproveitar a matéria-prima local", concluiu. A cidade de Tamanrasset foi escolhida estrategicamente por ser rica em pedras preciosas e outros recursos minerais.
O presidente da ABRAGEM, que visitou a Argélia muitas vezes para acompanhar o desenvolvimento do projeto, observou já identificar algumas pedras diferentes das que costumava ver nas dependências da Escola-piloto, o que indica que os artesãos argelinos jã estão buscando, por conta própria, diversificar a matéria-prima que utilizam para a produção das joias e dos artesanatos. "Eles estão trazendo pedras que encontram em rios e no Deserto. Apesar de não saberem ainda identifica-la, já estão utilizando novos materiais", destacou.
"Este projeto vai mudar muito a imagem de Tamanrasset. Queremos muito que ele tenha continuidade", destacou o Representante do Ministério do Turismo e Artesanato da Argélia, Benza Rour Choukri. A Escola-piloto de Tamanrasset foi recentemente inserida no roteiro turístico da cidade e já foi visitada por 17 embaixadores de outros países.
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Autor: Janaina Plessmann