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Cotton Victoria: resultados e avanços na 3ª reunião do Comitê Gestor do projeto
Foi realizada, no último mês de março, em Mwanza, capital da Tanzânia, a 3ª Reunião do Comitê Gestor do Projeto Regional de Fortalecimento do Setor Algodoeiro na Bacia do Lago Victoria , iniciativa de cooperação técnica que envolve ações no Burundi, Quênia e Tanzânia. O grupo, que se reúne anualmente, é responsável pelo acompanhamento, planejamento e deliberações relacionadas com a iniciativa. A reunião foi aberta pelo Vice-Ministro da Agricultura da Tanzânia, Innocent Lugha Bushungwa, e pelo Embaixador do Brasil no país africano, Antonio Augusto Martins Cesar. Em suas palavras, o representante do governo brasileiro sublinhou que o referido projeto é considerado uma das mais importantes iniciativas da cooperação do Brasil com países da África Oriental.
Ao longo da semana de trabalhos e visitas técnicas, as delegações do Burundi, Quênia e Tanzânia trocaram impressões e fizeram apresentações sobre o andamento do projeto em cada um dos países e os desafios que têm enfrentado.
Do lado brasileiro, o professor Antônio Carlos Fraga, da Universidade Federal de Lavras (UFLA) , fez interativa apresentação sobre fertilidade dos solos nos três países, com base em dados colhidos pela própria UFLA e por instituições parceiras. Os estudos apontaram para solos que necessitam correção de pH e reposição de nutrientes em diferentes percentuais por país, sendo os solos no Quênia, por comparação, os que necessitam menos intervenção. O propósito do estudo foi o de sugerir ações de correção e de fertilização adequadas, com vistas ao aumento da produtividade de algodão. A UFLA é a instituição parceira brasileira responsável pelo compartilhamento do conhecimento técnico com as instituições dos países participantes no projeto.
A UFLA conduziu,ainda, debate sobre as regras de certificação e de produção de sementes nos três países, visando potencializar o grau de germinação das mesmas. O professor Fraga sublinhou a importância de cada país selecionar e trabalhar criteriosamente suas áreas de produção de sementes, referindo que podem contar com o apoio dos especialistas brasileiros. Desafiou, assim, os países africanos a estabelecerem cooperação científica entre eles e a eventualmente trocar material genético.
As características da fibra do algodão para utilização pela indústria têxtil também foram debatidas, tais como cumprimento, espessura e maturidade. A UFLA apresentou análise - com participação da COGERCO, no Burundi, e da AMIPA/Minas Cotton, no Brasil - de fibras do algodão produzidas naquele país que concluiu que as amostras testadas tinham valor de mercado similar ao do algodão produzido no norte de Minas Gerais, por apresentarem características dentro dos padrões internacionais.
Os integrantes da 3ª reunião realizaram, também, visita a campos de plantações em Usagara, Mondo e Hungumalwa, nos quais agricultores locais aplicaram algumas das técnicas sugeridas pela UFLA, transmitidas por extensionistas treinados pelo projeto. Os resultados variaram de campo para campo, inclusive conforme características do terreno, mas foram considerados muito satisfatórios pelo pessoal técnicos e pelas delegações visitantes, embora haja margem para melhoramento. Os professores da UFLA ficaram satisfeitos em constatar a capacidade de difusão dos conhecimentos que se evidencia na região. Vários outros lotes, plantados com algodão, evidenciam o potencial do setor, mas foi possível observar significativa diferença entre as parcelas onde técnicas novas foram utilizadas e aquelas em que o plantio foi feito de forma tradicional.
Ao término da semana de trabalho, parte da delegação da ABC seguiu para o Burundi, para prosseguir missão de monitoramento e treinamento em coleta e análise de dados, à qual uniu-se a especialista da UFLA, que realizará, naquele país, e posteriormente na Tanzânia, monitoramento das unidades demonstrativas do projeto e treinamento em matéria de controle integrado de pragas.
O "Projeto Regional de Fortalecimento do Setor Algodoeiro na Bacia do Lago Victoria", que envolve Quênia, Tanzânia e Burundi, iniciou-se em 2016. A iniciativa é desenvolvida pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) em parceria com a UFLA, referência nacional em Ciências Agronômicas e em melhoramento da cultura do algodão, e conta com o apoio do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) . O propósito do Cotton Victoria é o de ampliar a capacidade de utilização, tanto das instituições como dos recursos humanos, de tecnologias mais avançadas para a produção do algodão, respeitando as particularidades locais de cada país.