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Cotton Solos: tecnologia brasileira melhora a fertilidade dos solos no Mali
A missão de acompanhamento das unidades técnicas demonstrativas, implementadas no âmbito do projeto Cotton Solos, realizada no Mali de 11 a 15 de novembro, teve entre seus objetivos avaliar os resultados das ações destinadas a melhorar a fertilidade dos solos.
São duas as práticas agrícolas que estão sendo propostas pelo projeto: 1) a correção do solo por meio da aplicação do calcário; e 2) a alteração no manejo da aplicação dos fertilizantes.
Foi observado que os solos do Mali têm semelhanças com solos encontrados no Brasil, no que diz respeito aos seus aspectos químicos. Tratam-se de solos ácidos, ricos em óxidos de ferro e alumínio.
Segundo os especialistas brasileiros envolvidos com o projeto, para um melhor desempenho do cultivo de algodão e milho, faz-se necessária a correção de solos com essas características, por meio da aplicação de calcário.
Como resultado, corrige-se o pH desse solo e gera-se fornecimento de cálcio e magnésio, elementos que contribuem para o desenvolvimento das raízes.
No que se refere ao manejo da adubação utilizada nos plantios, constatou-se que a prática agrícola mais recomendada seria a aplicação do adubo, rico em fósforo, próxima a semente, na fase de semeio.
De modo a facilitar essa aplicação, o projeto doou aos agricultores envolvidos na iniciativa equipamentos de semeio, de tração manual. Assim, a adubação pode ser realizada concomitantemente com o semeio, com fertilizantes adequados, concentrados em fósforo. Posteriormente, em cobertura, são aplicadas doses de nitrogênio e potássio.
Essa estratégia de manejo não implica no aumento das doses aplicadas, mas sim na escolha do momento mais adequado para fazê-lo.
De acordo com o especialista envolvido com o projeto Fábio Martins, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), “A combinação dessas duas estratégias possibilita que as plantas tenham um melhor desenvolvimento das raízes. Com mais nutrientes, desenvolvem-se melhor e tem maior resiliência em contextos de estresse hídrico, como o que ocorre no Mali”, conclui.
Fábio ressalta que, após três anos de experimentos, já é possível observar os resultados positivos da aplicação dessas práticas. O especialista brasileiro considera que essa tecnologia já foi incorporada pelos produtores malinenses, tratando-se assim de “uma tecnologia transferida”! “Estamos caminhando também para uma aceitação e uma boa compreensão com relação a necessidade da correção do solo, com calcário”.
O projeto "Preservação do Potencial Produtivo das Zonas Produtoras de Algodão no Mali - Cotton Solos" é coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), e realizado em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e o governo do Mali, por meio da Companhia Malinense de Desenvolvimento Têxtil (CMDT), com financiamento do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A iniciativa tem promovido, desde 2019, o compartilhamento de conhecimento técnico e de práticas agrícolas que já são utilizadas com êxito no Brasil, em contextos de solo e clima semelhantes aos do Mali, de modo a aumentar a produtividade de algodão utilizando práticas de conservação, manejo e fertilidade do solo mais eficientes e sustentáveis.