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Cooperação com o Brasil torna Produção Agroecológica uma realidade no Senegal
O projeto de cooperação técnica “Fortalecimento de práticas agroecológicas para o estabelecimento de sistema participativo de certificação no programa de fazendas ‘Naatangué’ no Senegal” teve mais uma etapa realizada no final do mês de fevereiro, com a visita de especialistas brasileiros feita ao país.
O objetivo da realização dessa missão foi adequar as unidades participantes na iniciativa para a produção agroecológica e instalar um “Sistema Participativo de Garantia (SPG)” como modelo para a certificação orgânica no Senegal.
Os especialistas reforçaram, ainda, a capacitação em controle fitossanitário e manejo orgânico, com ênfase na preparação e uso de biofertilizantes e outros produtos alternativos para controle de pragas e doenças. Uma primeira formação nesse tema já tinha ocorrido no Brasil, em novembro de 2019. Foram realizadas, também, capacitações sobre práticas de manejo agroecológico das unidades de produção agroecológica existentes no país.
Participaram da missão representantes das instituições brasileiras parceiras do projeto, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro (ITERJ) e a PAIS Consultoria em Agroecologia Ltda.
As regiões senegalesas de Séssene, Thiépp e Kolda foram visitadas pela equipe, com apoio de técnicos da Agência Nacional de Integração e Desenvolvimento Agrícola (ANIDA) do Senegal, parceira local no projeto.
Em Thiépp, durante encontro com o grupo local responsável pelo Sistema Participativo de Garantia (SPG), o analista de desenvolvimento agrário no ITERJ, André Luiz Corrêa, elogiou a organização e o esforço para o cumprimento do plano de manejo, apesar dos desafios ainda existentes. “ Algumas fragilidades a serem superadas ainda existem” , relatou, “como o uso de agrotóxicos e a pouca diversidade de cultivos” , concluiu o analista.
Já o consultor da PAIS, Aly Ndiaye, destacou que foi possível notar “um maior entusiasmo da equipe da ANIDA, parceira local do projeto” . Para ele, o fato de toda a equipe de conselheiros da Agência participar das capacitações realizadas durante a missão é um sinal desse entusiasmo.
Durante a visita a um campo de batatas, em uma das fazendas em Thiépp, o grupo notou sinais claros de encharcamento da lavoura, o que levantou uma discussão e uma reflexão importante em relação à queixa recorrente de falta de água para irrigação no local. Perceberam, ainda, uma diferença nas informações quanto às recomendações de lâmina de água, feitas a partir do projeto original de irrigação, e o turno de rega (intervalo entre irrigações), efetivamente usado na prática.
O professor da UFRRJ, Antônio Carlos de Souza Abboud, recomendou a vinda de um técnico especialista em irrigação. " É importante que se faça um dimensionamento da real capacidade de fornecimento de água, assim como redimensionamento das lâminas de água e turnos de regas, de forma a racionalizar ou uso coletivo da água" , disse o especialista.