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Cooperação brasileira fortalece o combate ao HIV/AIDS em populações-chave do Suriname
Por meio de iniciativa de cooperação técnica realizada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) , em parceria com o governo do Suriname, representantes do Ministério da Saúde (MS) do Brasil estiveram em Paramaribo, de 23 a 27 de abril, para desenvolver mais uma atividade do projeto "Fortalecimento do combate ao HIV/AIDS em populações-chave no Suriname" , especialmente voltado para profissionais do sexo e garimpeiros, sobretudo na região de fronteira com o extremo norte do Brasil.
A visita técnica teve como objetivo compartilhar experiências brasileiras sobre campanhas e planejamento de mídia para comunicação, especialmente nos temas de HIV/AIDS, assim como criar mecanismos para avaliação do impacto dessas iniciativas, no que tange à prevenção.
Do lado brasileiro, participaram representantes do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das ISTs, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais do MS. Do lado surinamês, destaca-se a capacitação de representantes de organizações não governamentais e cerca de vinte técnicos do Ministério da Saúde.
Monique Holtuin, do Ministério da Saúde do Suriname, recebeu a delegação do Brasil e ressaltou, em suas palavras, a importância da realização desta capacitação, que possibilitará aos profissionais da área de saúde e representantes de organizações não governamentais do Suriname, que atuam na área de comunicação destas instituições, desenvolverem seu trabalho de forma mais eficaz.
Ao realizar uma breve apresentação do contexto do HIV no Suriname, a representante surinamesa destacou o fato de que os números de testes de HIV realizados no país, têm diminuído nos últimos anos, sobretudo entre os homens, o que torna mais difícil a detecção precoce da doença. Segundo dados apresentados por Holtuin, no ano de 2015, foram feitos 6.839 testes de HIV por homens e 27.408 por mulheres. Em 2016, foram testadas no país 6.701 pessoas do sexo masculino e 22.275 do sexo feminino.
Apesar desse decréscimo, destaca-se um dado positivo que revela uma diminuição nos casos de crianças com HIV nascidas de mães contaminadas: 2,8% em 2016 contra 16,7% em 2009.
O Ministério da Saúde do Brasil, por sua vez, relatou algumas experiências voltadas a populações-chave e populações vulneráveis, destacando ações de mobilização com trabalhadores do sexo e algumas iniciativas de comunicação bem-sucedidas realizadas no Brasil.
Ao longo da semana de trabalho, os participantes foram envolvidos em dinâmicas de grupo para identificar, em suas práticas diárias de trabalho, estratégias de abordagem aos trabalhadores do sexo e garimpeiros. Entre as atividades realizadas, foi desenhado um plano de comunicação, a ser construído conjuntamente com todos os parceiros envolvidos nas ações, experiência que contribuirá para auxiliar o trabalho dos técnicos surinameses.
Como exemplo exitoso, a delegação brasileira apresentou a campanha "Maria Sem Vergonha", realizada pelo Ministério da Saúde. Essa campanha busca nutrir o diálogo com profissionais do sexo, com o objetivo de promover uma redefinição das situações de injustiça e de estigma social destas populações. Dessa forma, promove-se a construção de uma identidade coletiva, que as desloque do papel de “vítima”, e as posicione no lugar de sujeito, com direitos sexuais garantidos e cidadania plena. Ao final, os participantes apresentaram sugestões de atividades simples e de baixo custo, sobretudo que acreditam ser mais eficientes para sensibilizar os públicos-alvo do projeto.
Na ocasião, a delegação brasileira teve ainda a oportunidade de visitar a ONG "New Beginning/Chances for Life" , organização que atua em campanhas para o desenvolvimento e defesa dos direitos humanos e a erradicação do estigma e da discriminação, tanto na capital Paramaribo, quanto no interior do país, em áreas de garimpo.
A agenda de cooperação técnica bilateral constitui hoje o principal pilar do relacionamento entre o Brasil e o Suriname, com claras perspectivas de ampliação e diversificação.