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Controle do câncer em Angola será tema de novo projeto com o Brasil
O programa de cooperação técnica Brasil – Angola possui como marco jurídico o Acordo de Cooperação Econômica, Científica e Técnica, firmado entre o governo brasileiro e o angolano em 11 de junho de 1980 e promulgado em 05 de outubro de 1990. Nesse período, mais de 70 iniciativas já foram realizadas, sendo o setor da saúde um dos mais emblemáticos dessa parceria bilateral. Em visita recente do Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a Luanda, a assinatura do novo projeto “Apoio à implementação e à gestão de medidas para a prevenção e o controle do câncer em Angola" foi comemorada pela Direção do Instituto Angolano de Controlo do Câncer (IACC) .
O projeto, coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) em parceria com o Ministério da Saúde (MS) , tem como objetivos contribuir com a consolidação da Política e do Plano Nacional de Prevenção e Controle do Câncer em Angola e melhorar a atenção prestada aos pacientes do IACC no que diz respeito à detecção precoce, à confirmação diagnóstica e ao tratamento do câncer. Para tanto, promoverá a formação específica de 50 profissionais angolanos de equipe médica e multidisciplinar do IACC e de outros serviços de oncologia, no Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Brasil, como também assessoramento técnico para a estruturação de políticas públicas angolanas relacionadas com a doença.
A cooperação nesse tema teve início em 2018, com a ida de sete médicos do IACC para formação de longo prazo no INCA, nos moldes de uma residência, bem como de dois físicos, que realizaram formação de 03 meses naquela instituição. A nova iniciativa, orçada em aproximadamente US$5 milhões, com contrapartida financeira e não financeira de todas as instituições parceiras, estava sendo aguardada com expectativas pelo governo de Angola.
De acordo com Ana Paula Domingos, Diretora Administrativa do IACC, "O projeto com o Brasil nos permitirá aumentar o quadro de especialistas em câncer em Angola, de modo que eles possam atuar em outras regiões do país e os doentes não tenham que se deslocar até aqui para o diagnóstico e tratamento. Estamos muito contentes. Juntos, somos mais fortes" , comentou durante uma visita da ABC às instalações do IACC. "Uma grande vantagem é a língua. Facilita muito a nossa aprendizagem. Além disso, o Brasil é um país-irmão, então é um grande prazer cooperarmos com o Brasil!" , afirmou Domingos.
Em um complexo hospitalar com vários prédios, localizado no centro de Luanda, capital de Angola, o IACC recebe cerca de 3.500 pacientes por mês vindos de todas as regiões do país, entre novos doentes e pessoas em tratamento médico. Em Angola, a incidência maior é de câncer de mama, colo do útero e próstata, nos adultos; e o câncer ocular retinoblastoma, nas crianças. O Instituto conta com um prédio exclusivo para atendimento e tratamento das crianças, com uma sala de brinquedos, ambulatório para tratamentos de um dia e internação, para casos mais graves. Na sala de brinquedos, um colorido desenho da Angélica, 9 anos, que se curou de um câncer ocular, traz esperança às que ainda estão em tratamento.
A cooperação técnica brasileira tem como objetivos principais o fortalecimento de capacidades, a formação de recursos humanos e o compartilhamento de experiências. Em outras palavras, é pautada pelo compartilhamento de conhecimento (metodologias, tecnologias, boas práticas e conteúdo técnico que possa ser sistematizado e disseminado) com aplicação imediata em processos de desenvolvimento e que permitam ao país parceiro alavancar seu desenvolvimento em um assunto específico, nesse caso, o câncer, em Angola.
Autor: Janaina Plessmann