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Começa Segunda Edição do Curso de Alimentação Escolar que Formará Cerca de 3 mil Profissionais
A inauguração da 2ª edição do curso “Alimentação escolar como estratégia educacional para uma vida saudável” reuniu cerca de 3 mil espectadores, entre profissionais das áreas de educação, saúde, nutrição, políticas públicas e agricultura de diferentes países. Um dos destaques foi a importância de abordar a alimentação escolar em cenários durante e pós-pandemia.
Nesta edição, o curso é oferecido a seis países - Colômbia, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru e República Dominicana – e tem o objetivo de tratar das questões mais essenciais e emergentes relacionadas aos Programas de Alimentação Escolar (PAE) na região. Estima-se que cerca de 3 mil profissionais fortalecerão suas capacidades com o curso. Em 2020, participaram 1.800 profissionais da Guatemala, Peru e Colômbia e, devido ao êxito de então, a iniciativa foi ampliada neste ano.
Dividido em 13 sessões, com 90 horas de duração total, o curso tratará de temas como direito humano à alimentação adequada, segurança alimentar e nutricional e sua relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), programas de alimentação escolar e seus impactos sociais, educação alimentar e nutricional, e hortas escolares com enfoque pedagógico, entre outros.
O curso é promovido pelo projeto regional “Consolidação de Programas de Alimentação Escolar Sustentáveis na América Latina e no Caribe” , executado no âmbito do Programa de Cooperação Brasil-FAO. As ações são articuladas pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) , pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (FNDE/MEC) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Representando a ABC, o analista Plínio Pereira disse que a Agência trabalha para apoiar os países no processo de capacitação para superar seus desafios, acrescentando que a cooperação entre ABC, FNDE e FAO, realizada há mais de 12 anos, tem muitos resultados concretos. “A questão da alimentação escolar na América Latina e no Caribe vem se fortalecendo consideravelmente a cada ano que passa. Esperamos que a segunda edição contribua efetivamente para a formação e a prática de todos os profissionais envolvidos” , afirmou.
Karine Santos, coordenadora geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), desenvolvido pelo FNDE, lembrou que o programa faz parte de uma estratégia estruturada em torno do eixo da segurança alimentar e nutricional. “Por isso, o curso é uma das nossas estratégias no âmbito da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), que o Brasil desenvolve desde 2018” , afirmou. Segundo a coordenadora, o curso teve êxito em 2020 e neste ano não será diferente: “O FNDE reafirma seu compromisso de aliança com os países da América Latina e do Caribe no âmbito de nosso projeto de cooperação técnica internacional” .
Bruno Silva, assessor de cooperação internacional do FNDE, também destacou o importante papel da RAES para o Governo brasileiro. Hoje, a rede reúne mais de 21 países com o objetivo de trocar experiências e fortalecer programas de alimentação escolar de todos os países da região. Silva destacou a importância do espaço para articular reflexões e boas práticas nos períodos pandêmico e pós-pandêmico.
Para Maya Takagi, oficial de programas regionais da FAO para a América Latina e Caribe, o curso contribui para o fortalecimento das capacidades profissionais de diferentes áreas da região, ajudando os profissionais a planejar, implementar e acompanhar ações com vistas à consolidação de seus programas de alimentação escolar. Takagi apresentou dados globais sobre os PAEs, como o fato de que 1 em cada 2 estudantes do planeta recebe alimentação escolar diariamente, e que, na América Latina e no Caribe, quase 80 milhões de pessoas se beneficiam desses programas. “É na infância que os hábitos alimentares são desenvolvidos. Por isso, é ainda mais relevante aliar o aprendizado ao prazer de comer bem” , disse.
Em nome dos representantes da FAO nos seis países, Ricardo Rapallo, representante da FAO na Guatemala, destacou que a Cooperação Brasil-FAO, por meio do FNDE, da ABC e da FAO, tem apoiado diversos processos decisórios nos últimos 10 anos para fortalecer os programas de alimentação escolar em mais de 20 países da região. Rapallo também destacou o papel da RAES como ferramenta muito útil "para trocar soluções inovadoras para enfrentar esta situação complexa [a pandemia] nos últimos meses".
“Os programas de alimentação escolar não só atenderão a necessidades mais urgentes dos alunos da região, mas também serão fundamentais para a recuperação social e econômica dos países” , afirmou também o representante da FAO. Além disso, acrescentou: “ Estamos falando sobre o desafio de alimentar adequadamente quase 80 milhões de crianças que voltarão às escolas nos próximos meses, e também de fornecer oportunidades econômicas às economias locais, que foram duramente atingidas pela pandemia" .
Capacidades
A coordenadora do projeto regional que promove esta ação formativa, Najla Veloso, refletiu sobre a cooperação desenvolvida entre a FAO, o Brasil e os países da região ao longo de mais de uma década, e disse que a iniciativa dessas entidades poderia se resumir a cinco palavras: esforço, compromisso, trabalho, solidariedade e progresso. Nesse sentido, Veloso destacou que a capacitação contribui muito para melhorar os cenários durante e pós-pandemia, ao gerar capacidades para milhares de pessoas da Colômbia, do Equador, da Guatemala, do Paraguai, do Peru e da República Dominicana.
Flavia Schwartzman, coordenadora pedagógica do curso, apresentou a metodologia de formação, destacando que ela possibilita “o sonho de promover mudanças em pessoas, escolas, comunidades e países”. Além disso, comentou: “Acreditamos que seja possível fazer essas mudanças por meio da escola e da alimentação escolar. Educar as pessoas para serem mais conscientes, valorizar mais a comida e compreender essas relações” .
Alguns participantes da última edição deram seus relatos sobre o curso, afirmando que ele contribuiu para a mudança de suas realidades. É o caso de Norma Moran, da Guatemala, que relembrou a experiência com grande emoção. “Ficamos extremamente gratos por tudo que vocês compartilharam, pela oportunidade de desenvolver capacidades e ter acesso a esse conhecimento, principalmente para nossos filhos e filhas. Concluo com uma frase de um filósofo brasileiro: a educação não muda o mundo. O que muda é a pessoa , que vai mudar o mundo” , disse a ex-estudante guatemalteca.