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Brasil recebe 40 observadores internacionais para acompanhar censo de 2022
Entre 19 e 23 de setembro de 2022, 40 representantes de 18 países da América Latina, Caribe e África estiveram no Brasil para acompanhar, em visitas de campo, os recenseadores e supervisores do Censo 2022 em cinco estados do País. A iniciativa, conhecida como “Observa Censo”, permitiu o compartilhamento de metodologias, experiências e tecnologias sobre a coleta de dados estatísticos com os especialistas estrangeiros em censos populacionais, os quais participaram de encontros virtuais e visitas técnicas. Nas visitas, puderam observar a linha de frente da coleta de dados e compreender a forma como é feita, na prática, a operação demográfica.
O programa incluiu, ainda, visitas em campo a populações indígenas, imigrantes e refugiados nas cidades de Boa Vista e Pacaraima, desenvolvidas com a participação da Organização Internacional para as Migrações (OIM), do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e do Fundo de População da ONU (UNFPA).
A iniciativa é fruto de parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Durante a abertura do evento, o Diretor da ABC destacou os esforços do Brasil em promover o acesso a tecnologias que possam ser compartilhadas com outros países. “ No espírito da Cooperação Sul-Sul trilateral, essa atividade é transformadora, não só para os países visitantes, mas também para nós. Muitas das soluções para os desafios do desenvolvimento sustentável requerem sinergias. Conhecer melhor a população e suas especificidades, características e expectativas é fundamental para que possamos aprimorar as políticas. E esta ambiciosa e inovadora iniciativa, com a visita de especialistas internacionais, demonstra o potencial do IBGE no protagonismo desta ação ”, reforça o embaixador.
Cooperação
"O trabalho de planejamento realizado pelo IBGE é magnífico, sobretudo a boa execução do processo em todas as etapas, respeitando todas as normas internacionais deste tipo de operação. A utilização dos componentes cartográficos e da ferramenta de gestão e acompanhamento da operação dos recenseadores são pontos altos da operação", destacou Angelina Fontes Gomes, observadora de Cabo Verde, que acompanhou as equipes na cidade de Belo Horizonte.
A visita à cidade de Cabo Frio contou com a participação de representantes de Bahamas, Belize, Nigéria, Senegal, Sudão e Trinidad e Tobago. O grupo destacou a colaboração da população e a utilização de mapas impressos pelos recenseadores, prática que possibilitou economia da bateria dos dispositivos móveis. " Foi muito interessante observar a forma como a equipe atua no campo, muito bem treinada e munida das informações necessárias para esclarecer todas as dúvidas” , pontuou Mohamed Melainine, assessor técnico para Censos do UNFPA Sudão.
Belo Horizonte recebeu participantes de Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Guiné-Bissau, que destacaram o interesse de seus países na cartografia censitária e no desenvolvimento de aplicativos de coleta. Participantes do Chile, Peru e Uruguai estiveram em Florianópolis e elogiaram a metodologia de treinamento das equipes. Para Sheila Perez, do Instituto Nacional de Estatísticas do Chile, a operação se destaca por estar pensada no usuário. “A coleta é transparente, atua de forma responsável e organizada, com metodologias flexíveis. Nosso maior interesse está nas estratégias para garantir a cobertura dos domicílios e a atualização cartográfica” , comentou.
Representantes de institutos de estatísticas do México, Colômbia, Equador e Honduras realizaram visitas in loco na cidade de Recife. Os especialistas enalteceram a boa funcionalidade do dispositivo de coleta para captação e sincronização dos dados em tempo real, além do domínio dos recenseadores nos conceitos utilizados nas abordagens para as entrevistas.
Referência
O Brasil é referência global na realização de recenseamentos populacionais. Segundo a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, é estratégico compartilhar essas experiências com países em desenvolvimento que vivenciam desafios similares . “O evento em questão marca mais uma iniciativa na qual o IBGE compartilha seu instrumental técnico, científico e metodológico com os institutos de diversos países. Essa horizontalidade é uma característica primordial de um bom processo de Cooperação Sul-Sul” , declarou Bant.
A edição do Censo 2022 trouxe melhorias e inovações tecnológicas, tais como a possibilidade de acompanhamento em tempo real de informações relativas ao andamento da coleta de dados por parte de supervisores - incluindo dados operacionais como número de questionários preenchidos, trajetos percorridos pelos recenseadores e coordenadas geográficas registradas, além de informações prévias relativas à distribuição de gênero e idade da população, entre outras.
“Estamos aprendendo e inovando. Somos capazes de fazer ajustes reais na operação”, ajustes que teriam sido tecnicamente inviáveis em edições anteriores do censo. “Além disso, o IBGE aceitou ser observado e avaliado, em tempo real, durante a operação. Hoje, a transferência de dados é imediata e o feedback de gestão é muito maior” , explica Eduardo Rio Neto, presidente do IBGE.