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Brasil participa do Fórum Global de Nutrição Infantil
O Fórum é uma conferência bienal que, entre outros temas, apoia países no desenvolvimento e implementação de programas sustentáveis de alimentação escolar. Este ano, o evento reuniu mais de 400 participantes de 84 nações, incluindo autoridades governamentais, instituições multilaterais, ONGs e o setor privado.
O tema do fórum de 2024 foi “Programas de Alimentação Escolar na Era da Transformação dos Sistemas Alimentares”, com a discussão da alimentação escolar sob a ótica das mudanças climáticas. Em sessões plenárias e oficinas, os países trocaram experiências e discutiram soluções inteligentes para o clima, também considerando questões de gênero e com foco na qualidade nutricional das refeições escolares.
O GCNF também se mostrou um espaço para que participantes de todos os setores se encontrem, compartilhem informações, demandas e estabeleçam novas parcerias.
Brasil
O Brasil teve destaque ao longo de todo o Fórum. Na sessão “Alimentação Escolar na Agenda Global”, o Coordenador-Geral de Segurança Alimentar e Nutricional do MRE, Saulo Ceolin, apresentou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa brasileira proposta durante a presidência do país no G20, lançada no mês passado.
Ceolin explicou como países, organizações internacionais, bancos e outras instituições podem aderir à Aliança, que atualmente conta com mais de 140 membros. Ao detalhar o funcionamento do conjunto de políticas públicas aprovadas e testadas coletivamente pelos membros, Ceolin destacou que a política de alimentação escolar baseada em compras locais é uma das mais relevantes.
“Dentro desse conjunto de políticas, a alimentação escolar é destacada em todas as negociações da Aliança e em seus documentos. Com base em pesquisas sobre o cenário internacional de cooperação e financiamento para o desenvolvimento global, é possível afirmar que a melhor forma de investir recursos para alcançar resultados rápidos no combate à fome e à pobreza é na alimentação escolar vinculada à produção local.”
Ainda segundo Ceolin, a alimentação escolar sempre foi uma das políticas públicas com melhor desempenho. “No Brasil, sabemos que a alimentação escolar pode realmente mudar cenários e transformar realidades, impactando não apenas no combate à fome e à pobreza e na melhoria nutricional, mas também na educação, saúde e, quando incluímos as compras locais, no desenvolvimento econômico, social e agrícola”, disse.
O Brasil também compartilhou suas experiências no painel “Financiamento Doméstico – o que estamos aprendendo”, com a participação de Fernanda Pacobahyba, presidente do FNDE. Pacobahyba falou sobre como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é financiado e elogiou o trabalho dos nutricionistas e merendeiras envolvidos.
A presidente também comentou sobre a importância da alimentação escolar dentro da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. “A alimentação escolar faz parte do conjunto de políticas sociais bem-sucedidas, e acreditamos que a fome mundial ainda é uma decisão política. A alimentação escolar é uma ferramenta poderosa que pode ser usada por todas as nações”, afirmou.
Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES)
O Governo brasileiro teve ainda a oportunidade de apresentar a Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES) na América Latina e no Caribe (ALC), estabelecida em 2018. Segundo a presidente do FNDE, a RAES foi resultado de um trabalho intenso de cooperação do Brasil na região, com o FAO. Em 14 anos de cooperação, foram capacitados 40 mil profissionais da região e 14 países desenvolveram estruturas de governança de participação social para acompanhamento dos respectivos programas. O avanço dos programas de alimentação escolar na ALC foi mencionado pelo BID, que enfatizou a liderança global da região, em termos de cobertura e financiamento.Oficina
Um dos destaques da participação brasileira no Fórum foi a oficina conduzida por representantes do Centro de Excelência contra a Fome do WFP, no Brasil. Intitulada “Integrando Estratégias Inteligentes para o Clima em Sistemas Alimentares Nutritivos e Sustentáveis”, o workshop contou com a presença de pelo menos 100 participantes. Brasil, Camboja e Quênia apresentaram os programas nacionais de alimentação escolar conduzidos em seus respectivos países. Cada representante trouxe para o debate desafios enfrentados na implementação de refeições escolares baseadas na agricultura familiar e estratégias adotadas para superar essas dificuldades.
A alimentação escolar brasileira foi apresentada por Karine dos Santos, Coordenadora-Geral do PNAE, que destacou os desafios relacionados às compras locais em comunidades indígenas e quilombolas.
Visita de Campo
A atividade final do Fórum foi a visita a uma escola japonesa para observar na prática como o Shokuiku, modelo japonês de Educação Alimentar e Nutricional, é aplicado. O modelo foca na participação dos estudantes em todo o processo de alimentação escolar, considerando aspectos nutricionais, sustentabilidade, tradição e socialização das crianças.
Nesse modelo, as crianças são incentivadas a participar da colheita dos alimentos, no processo de servir o almoço umas às outras e no compartilhamento e conversa sobre suas marmitas, de forma a experimentar alimentos diferentes dos habituais.