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Brasil já formou mais de 1.500 policiais guineenses
A cooperação Brasil - Guiné-Bissau tem atuado em temas diversos, que vão da saúde, educação, justiça à segurança pública. Nesse último, o projeto “Centro de Formação das Forças de Segurança da Guiné-Bissau” , implementado no país desde 2009, é um dos mais emblemáticos e importantes da parceria.
Com o objetivo de contribuir para a reestruturação e modernização do setor de segurança da Guiné-Bissau, a iniciativa é coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e desenvolvida em parceria com a Polícia Federal do Brasil e o governo da Guiné-Bissau.
Em sua segunda fase, o projeto é fruto de uma solicitação do governo guineense dirigida ao Brasil, em 2009, de apoio para a reestruturação do setor no país, que passou por diversos golpes militares e ciclos de instabilidade política que acabaram por enfraquecer a estruturação das forças de segurança guineenses.
De modo a superar esse desafio, a iniciativa brasileira possibilitou a ampla reforma e adaptação de um espaço e suas instalações, cedido pelo governo, para a criação de um centro de formação e treinamento dos efetivos policiais guineenses, tanto dos novos ingressos como dos que já estão operacionais mas necessitam de maior formação, promovendo capacitação técnica e integração institucional entre as quatro polícias.
Atualmente, as forças de segurança da Guiné-Bissau são compostas por 4 estruturas: Polícia de Ordem Pública (referente à Polícia Militar no Brasil); Polícia Judiciária (similar à Polícia Civil); Guarda Nacional (que cuida das fronteiras e crimes ambientais); e Serviços de Informação de Segurança (semelhante à ABIN). No âmbito do projeto com o Brasil, já foram capacitados mais de 1.500 profissionais pertencentes à essas quatro instituições, que frequentaram 35 cursos.
A capacitação mais recente se deu em dezembro de 2019, nas áreas de informática básica, prática de ensino policial e defesa pessoal para mulheres. Para 2020, está prevista uma nova série de formações.
Mais sobre o Centro de Formação
O Centro de Formação das Forças de Segurança da Guiné-Bissau foi inaugurado oficialmente em 2014. Ao longo dos anos, desde então, os parceiros do projeto vêm procurando estruturar as capacitações de forma a que os policiais guineenses se tornem autônomos, no futuro, para gerir integralmente o Centro.
Desde as primeiras capacitações, foram formados multiplicadores que, aos poucos, se tornaram os professores. Existiram alguns cursos dados com equipes mixtas, ou seja, professores brasileiros da Polícia Federal com professores guineenses formados pelo projeto; e hoje em dia alguns cursos já são lecionados integralmente pelos policiais locais.
Vale destacar que a maioria das capacitações, que têm duração de uma semana a quinze dias, foram dadas na Guiné-Bissau, mas houveram também algumas delas que ocorreram no Brasil, com a ida de policiais guineenses.
Na estrutura atual, o Centro de Formação conta com alojamentos, cozinha, salas de aulas equipadas, sala de informática, sala de professores, um espaço multi-uso e uma área para treinamentos de artes marciais, chamada Dojô. Até o momento, os custos de funcionamento e manutenção do Centro são cobertos integralmente pelo projeto de cooperação, mas se encontra em negociação com o governo guineense a proposta de gradual apropriação dessas responsabilidades, que necessitam ser inseridas no orçamento anual do Estado. Para conseguir funcionar, o Centro tem ainda dois geradores, já que a energia elétrica não chega até a região.
O Centro é, também, um espaço de referência para a comunidade mais próxima, chamada Bulon. Dali saem crianças e jovens que frequentam aulas gratuitas de judô fornecidas pelos representantes da Polícia Federal que realizam, desde o início, o acompanhamento mais próximo do projeto, Emeri Pacheco e Leonardo, e passam períodos de 30 a 60 dias seguidos no Centro, de forma rotativa. O espaço é também usado para sessões de cinema e jogos de futebol das crianças do bairro, que não possuem nenhum outro espaço público para lazer ou cultura.
“As noites de sexta-feira são muito aguardadas pela comunidade, que já sabe que é o dia em que organizamos as sessões de cinema” , relata, orgulhoso, Emeri. O policial brasileiro tem 59 anos e já aprendeu criolo, a outra língua oficial da Guiné-Bissau, para se comunicar ainda melhor com os parceiros locais.
Autor: Janaína Plessmann