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Brasil e Zâmbia negociam cooperação técnica em algodão
Delegação brasileira visitou a Zâmbia entre 22 e 29 de abril último, no contexto do aprimoramento da cooperação Sul-Sul com aquele país. Sob coordenação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), integraram a delegação representantes da ABC e especialistas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER-MG) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), além de instituições parceiras da cooperação técnica conduzida pelo governo federal.
O trabalho da equipe incluiu reuniões com o Conselho do Algodão da Zâmbia (CBZ, sigla em inglês) - órgão governamental regulatório e de fomento da cultura do algodão, responsável pela implementação da política nacional algodoeira (2005) - , bem como com o Fundo para o Desenvolvimento do Algodão (CDT) - instituição de pesquisa, desenvolvimento e extensão rural - e, ainda, a Associação do Algodão da Zâmbia (CAZ), que congrega produtores de 34 distritos algodoeiros.
Cenário atual
Segundo os representantes do CBZ, há cerca de 272 mil pequenos produtores familiares no país, que representam até 1 milhão de pessoas. O modelo dominante de produção da fibra é o de contrato de integração, pelo qual as algodoeiras fornecem sementes e insumos.
Na oportunidade, a delegação brasileira encontrou-se com o Ministro da Agricultura da Zâmbia, Reuben Mtolo Phiri. Dentre os temas tratados, vale mencionar a introdução de biofábricas destinadas a produzir biopesticidas e biofertilizantes; a preparação e análise dos solos; a
rotação de culturas como forma de melhoramento e reciclagem do solo.
Visita de Campo
A delegação reuniu-se, em 26 de abril último na sede do CBZ, com a Associação de Algodoeiras da Zâmbia, que reúne 7 das 10 empresas atuantes no ramo, abrangendo 90% do mercado. Visitou, igualmente, a cooperativa de fabricação artesanal de tecidos, por meio de teares manuais. A experiência brasileira poderia contribuir com aquele país ao integrar
produtores e artesãos, com serviços de extensão rural, beneficiamento das sementes e organização comunitária.
Durante a visita de campo, foram realizadas entrevistas com algodoeiras que atuam junto aos produtores. A delegação pode visitar, também, plantações de algodão.
No último dia de trabalho, o grupo visitou as instalações do Fundo para o Desenvolvimento do Algodão, onde são desenvolvidas atividades de pesquisa e extensão rural. Após conhecer os laboratórios, a delegação visitou as unidades de demonstração, onde foram apresentadas lavouras de algodão que utilizam as técnicas desenvolvidas localmente. Os especialistas brasileiros mostraram-se entusiasmados com a qualidade técnica e a capacidade dos pesquisadores do Fundo.
Ao final da missão, identificou-se que o principal desafio ao desenvolvimento da cultura do algodão na Zâmbia não é de natureza agronômica, mas refere-se ao modelo produtivo. A opinião compartilhada pelas autoridades zambianas, revela que a criação de um mercado competitivo para a pluma na Zâmbia, com independência dos produtores em relação às algodoeiras, constitui objetivo essencial de qualquer projeto a ser implementado.