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Brasil e República do Congo trocam experiências em workshop sobre agricultura familiar
O evento contou com a participação de 24 representantes de diferentes níveis do governo da República do Congo, incluindo funcionários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pescas (MAEP), do Ministério da Educação Pré-Escolar, Primária, Secundária e Alfabetização (MEPPSA), entre outras entidades.
O governo brasileiro foi representado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores e por representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER), da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).
A analista de projetos da ABC, Riffat Iqbal, destacou a importância da troca de experiências no tema. “Eventos como este são essenciais para o intercâmbio entre nossos países na promoção de políticas que fortalecem a agricultura familiar e sua ligação com a alimentação escolar”.
A iniciativa de cooperação Sul-Sul é coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), e apoio do Programa Mundial de Alimentos (WFP) na República do Congo e do Centro de Excelência contra a Fome, no Brasil, do WFP. O projeto é financiado pelo Fundo Índia, Brasil e África do Sul para a redução da pobreza e da fome (Fundo IBAS).
Segundo Gon Myers, Diretor do WFP na República do Congo, o workshop é uma oportunidade para encontrar soluções adaptadas a cada realidade. “Este encontro representa um compromisso comum de avançar neste projeto ambicioso, que é levar a agricultura familiar também para as escolas”, disse ele durante a abertura do workshop.
Brasil
Durante sua apresentação, Roseli Zerbinato, do MDA, falou sobre políticas de apoio à aquisição de produtos da agricultura familiar para formação de estoques e compras institucionais. “São 10 milhões de pessoas na agricultura familiar no Brasil e buscamos integrá-los em diversos programas para o seu fortalecimento”. Zerbinato citou exemplos de programas voltados para o aumento da capacidade produtiva dos agricultores familiares, a geração de emprego e renda, o financiamento da produção e a integração de sistemas sustentáveis.
Isabel Silva, da ANATER, explicou como a Agência coordena ações relacionadas à orientação produtiva, social e ambiental. “Nossa atuação é orientada para cada território e adaptada às necessidades específicas dos produtores daquela região. Além disso, temos ações voltadas para as agricultoras e a promoção da agroecologia”, disse ela.
Sobre as políticas de abastecimento, Sérgio Santos, da gestão da CONAB, destacou que a segurança alimentar está ligada à regulação do abastecimento no País. A regulação do abastecimento envolve o acompanhamento próximo da produção e dos preços e a garantia da distribuição das regiões produtoras para as consumidoras. “Quando o preço está abaixo do mínimo, a CONAB adquire produtos pelo preço mínimo para suavizar as flutuações do mercado e proporcionar segurança ao setor produtivo”, explicou.
Já o agrônomo Paulo Galerani, pesquisador da EMBRAPA, apresentou uma visão geral dos desafios da produção agrícola na faixa tropical, comum à República do Congo e ao Brasil. “Passamos por fases de desenvolvimento de tecnologias para adaptar produções de áreas temperadas, como a soja, ao clima tropical. ”
Galerani mencionou três pilares para essa adaptação: converter solos ácidos em férteis, tropicalizar sementes e animais e desenvolver plataformas que evitem a perda de solo e biodiversidade. “Hoje temos sistemas integrados de cultivo-pecuária-florestal e sistemas agroflorestais, ambos adequados para os agricultores familiares”, disse.
Ele também mencionou o potencial de cooperação na melhoria convencional de culturas como soja, trigo, arroz e feijão, bem como em pesquisas sobre cabras, ovelhas e culturas do semiárido, como mandioca, banana, mamão, abacaxi, maracujá e laranja, enfatizando que a maior parte da produção agrícola do Brasil vem da agricultura familiar e destacando a importância das políticas nesse setor.
Congo
Após as apresentações brasileiras, as autoridades da República do Congo compartilharam suas impressões, enfatizando as semelhanças entre os países.
O Sr. N’Kaya-Tobi, Diretor-Geral de Pecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pescas da República do Congo, destacou a relevância de entender a realidade do Brasil. “Descobrimos um país onde a agricultura familiar está no centro das políticas, ações e pesquisas, tornando-se fundamental para a produção agrícola da nação”, afirmou.
O Ministério da Agricultura solicitou parcerias estratégicas na produção agrícola para regiões semiáridas, uma prioridade para a República do Congo, além de esclarecimentos sobre estoques alimentares, conservação de perecíveis e políticas de preços ao longo do ano.
Próximos Eventos
Um total de três workshops online serão realizados em 2024. Os próximos estão programados para 19 de setembro e em novembro. Os workshops focarão em diferentes aspectos do programa de alimentação escolar, das trocas entre os dois governos sobre a produção agrícola local e do monitoramento do programa.