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Brasil e Quênia iniciam diagnóstico para ampliar produção e consumo de mandioca no país africano
A Agência Brasileira de Cooperação (ABC) está coordenando um trabalho de diagnóstico para avaliar apoio à produção de mandioca no Quênia. Durante os próximos três meses uma série de entrevistas, coleta de amostras de plantas e solos, sistematização de dados e elaboração de relatórios serão realizados, na região de MachaKos , pelo instituto parceiro executor do projeto, o Instituto de Pesquisa Agrícolas e Pecuária do Quênia ( Kenya Agricultural and Livestock Research Organization – KALRO ). Para elaborar tal diagnóstico, o KALRO contou com a experiência técnica do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR ).
A iniciativa é coordenada pela ABC, do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e pelo Ministério de Negócios Estrangeiros do Quênia.
Esta etapa de coleta de dados fornecerá informação para a compreensão do papel da mandioca nos sistemas agrícolas quenianos. O principal objetivo desta fase do projeto é proporcionar uma visão clara das principais limitações da produção e do processamento da mandioca, a fim de melhor orientar a cooperação futura ente a KALRO e o IAPAR. Ao realizar o diagnóstico da produção, o pós-colheita e o processamento da mandioca pode-se, então, definir áreas prioritárias para a colaboração técnica futura entre o Brasil e o Quênia, no desenvolvimento dessa cultura.
Estão em processo as últimas providências logísticas para viabilizar o diagnóstico, que será realizado mesmo em face da pandemia do COVID-19, já que algumas ações estão autorizadas pelo governo daquele país e podem ser implementadas.
Ao final deste prazo de três meses, será realizada uma oficina de trabalho com a participação de todos os parceiros do projeto, para apresentar, validar os resultados e elaborar, conjuntamente, uma proposta de projeto futuro para o setor.
Potencial
Um estudo realizado em 2001 verificou que a mandioca tem potencial para garantir a segurança alimentar e geração de renda de milhares de agricultores familiares no Quênia podendo, inclusive, substituir alimentos preferidos dos quenianos. Além disso, o tubérculo possui diversos usos para as indústrias de alimento, amido, farmacêutica e de ração animal. A importância dessa cultura demanda aumento da produção, primeiramente para o consumo doméstico e, depois, para a indústria.
A mandioca é a commodity mais comercializada nas regiões central, costeira e ocidental do país. Entre as famílias pesquisadas, 76% relataram que vendiam parte da produção de mandioca. Os principais produtos comercializados eram a raiz in natura, lascas secas, lascas fritas e farinha de mandioca. As atividades de comercialização da mandioca eram realizadas pela região central (81,9%), seguida pela zona costeira e região ocidental, com 76% e 72% respectivamente. O grande volume de vendas da mandioca na região central indica que há ali potencial para maior comercialização, possivelmente também como ração animal, entre outros. A região central conta com a cidade de Nairóbi, capital do país, onde a maioria das fábricas de ração animal se localiza.
O levantamento também mostrou que a mandioca era cultivada no Quênia em pequena escala, com cerca de 80% das famílias cultivando dois acres ou menos de área, sendo que 59% destes cultivavam um acre ou menos. Apenas 5% dos agricultores pesquisados cultivavam cinco ou mais acres de mandioca. Resultados do mesmo levantamento apontaram que os principais fatores limitantes para a produção eram diferentes tipos de praga que acometiam a cultura.
Nas três regiões (ocidental, central e costeira), a mandioca é plantada e colhida manualmente. A maior parte da colheita é fragmentária e baseia-se nas necessidades alimentares e financeiras das famílias. Essas práticas de manejo requerem uso intensivo de mão de obra. Os agricultores não dispõem de tecnologias modernas para o plantio e colheita da mandioca, capazes de reduzir os custos com trabalho.
Autor: Claudia Caçador