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Brasil e países da América Central trocam experiências para enfrentar escassez de água na agricultura
Seca
A delegação internacional participou de palestras técnicas e trocas de experiências apresentadas por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), bem como por representantes da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), do Banco do Nordeste, do Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada (IRPAA) e da Fundação Araripe. Entre os temas abordados constam o zoneamento agroecológico para manejo e uso sustentável do solo e da água; a gestão de recursos hídricos; a tecnologia de captação e armazenamento de água para o semiárido, entre outros.
Durante os dois dias de visitas de campo, o grupo conheceu diversas boas práticas implementadas na região para a convivência com a seca. Uma dessas experiências foi a cooperativa Coopercuc, localizada em Uauá (Bahia), onde foram apresentadas iniciativas bem-sucedidas de uso sustentável dos agrossistemas, bem como oportunidades de comercialização e agroindústria familiar, como a produção de laticínios.
Além disso, foram visitadas iniciativas em áreas de preservação ambiental que buscam reverter a desertificação na caatinga, bioma exclusivo do Brasil, por meio do uso sustentável dos recursos naturais.
O projeto
A iniciativa foi organizada no âmbito do projeto "Inovação para a redução de riscos agroambientais nos países do corredor seco centro-americano: zonificação agrícola para riscos climáticos (ZARC) e gestão de recursos hídricos”, coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que visa a contribuir para a mitigação dos efeitos das secas nas áreas de agricultura familiar e desenvolvimento rural em três países: Guatemala, El Salvador e Honduras.O projeto tem como objetivo melhorar as capacidades institucionais para a tomada de decisões relacionadas aos sistemas produtivos do corredor seco e zonas áridas da região SICA, aumentando a resiliência e adaptação às mudanças climáticas desses países.
Carolina Salles, analista de projetos da ABC, ressaltou que os países conheceram experiências relacionadas ao uso de técnicas de manejo da água e preservação do bioma caatinga (recaatingamento) realizadas por agricultores familiares. Essas práticas permitem o sustento das famílias e a prevenção diante das variações climáticas, por meio do uso da água para a criação de animais, bem como o cultivo de alimentos para consumo e comercialização. "Foi muito importante que os países tenham conhecido essas experiências, pois enriquecerão a elaboração do nosso plano de trabalho", comentou Salles.
O representante da FAO, Ronaldo Ferraz, ressaltou a importância da ferramenta ZARC como política pública em benefício da agricultura familiar, por meio da antecipação dos efeitos climáticos. Já Julian Carrazon, do escritório da FAO para a Mesoamérica, ressaltou que muitos dos desafios enfrentados pelo Brasil e por países do corredor seco são semelhantes com relação às necessidades das famílias e da produção agropecuária.