Notícias
Brasil e Colômbia debatem Assistência Técnica e Extensão Rural com enfoque na tecnologia da informação
O projeto de cooperação sul-sul trilateral Semeando Capacidades realizou a oficina virtual “Uma Aproximação às Ferramentas de Extensão Agrária para a Agricultura Camponesa, Familiar e Comunitária (ACFC)”. Esta foi a terceira oficina de intercâmbio de conhecimentos entre Brasil e Colômbia. Mais de 50 pessoas de 32 instituições e organizações dos dois países participaram do encontro, no dia 10/09.
O objetivo foi apresentar a visão e a abordagem do Brasil para a Assistência Técnica e Extensão Rura l (ATER), com ênfase na agricultura familiar; bem como promover a discussão sobre boas práticas em extensão e a identificação de ferramentas que possibilitem sua implementação junto aos agricultores familiares.
A iniciativa Semeando Capacidades, em execução na Colômbia, integra as ações do projeto regional América Latina e o Caribe sem Fome 2025 , do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO , e é realizada em conjunto pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério da Relações Exteriores (ABC/MRE), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Colômbia (MADR).
ATER no Brasil
Pedro Arraes, diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF) do MAPA, apresentou o Programa ATER Digital, que está em construção, e que busca fortalecer o sistema brasileiro de ATER, promovendo o amplo uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas ações das empresas públicas de extensão rural, ampliando o acesso dos agricultores a serviços modernos, eficazes e eficientes. Este programa tem quatro projetos estratégicos: organização e troca de informações e conhecimentos; modernização da infraestrutura de tecnologia; compartilhamento de sistemas e aplicativos; e centros piloto para gerenciamento de informação e tecnologia.
De acordo com o representante do ministério, 53% da população rural brasileira possui serviço de internet, e as regiões brasileiras com menor conectividade são o Norte e o Nordeste. “Temos problemas de conectividade para implementar o processo de digitalização do ATER; porém, já existe espaço para executá-lo e podemos usar essa ferramenta em prol da assistência técnica e extensão rural” , destacou.
Para o diretor, não somente no Brasil, mas também em outros países da América Latina, há um grande volume de informações não organizadas e sem meios de acessá-las por meio de dispositivos móveis. “Por isso, o primeiro projeto estratégico do Programa ATER Digital é organizar e trocar informações” , afirmou.
Pedro Arraes também apresentou alguns exemplos de iniciativas desenvolvidas por empresas públicas de extensão rural no Brasil que já utilizam as TICs por meio de serviços de comunicação remota; lives e videoconferências; Educação a Distância (EaD) e uso de redes sociais, entre outros. Em suas considerações finais, apontou como desafios: a necessidade de investimentos para aprimorar as ações da ATER diante da agricultura 4.0; uma maior articulação entre pesquisa, extensão e ensino para maximizar as ações de ATER; a necessidade de consolidar o Programa ATER Digital como motor de políticas públicas nesta temática.
Trabalho em grupo
Os participantes trocaram experiências durante os grupos de trabalho para identificar boas práticas em assistência técnica e extensão rural. Entre algumas questões identificadas estão: o papel do ATER na aproximação entre os agricultores familiares e os mercados; a sistematização de experiências e troca de conhecimentos; a utilização das TICs a serviço da ATER por meio de webinars , eventos online, grupos de WhatsApp, entre outros; a abordagem integral da ATER em direção a sistemas agrícolas sustentáveis; a oferta de ATER pública de qualidade por parte dos estados e dos municípios; a expansão da conectividade no campo; o treinamento permanente de extensionistas; entre outros temas.
No encerramento do evento, Pedro Arraes, do MAPA, destacou a importância de bons projetos, com avaliação de impacto e a ampla participação de estados e municípios, além da iniciativa privada. “Principalmente no período pós COVID-19 será muito importante auxiliar os produtores com muita força para que possam continuar no campo e melhorar suas capacidades” , finalizou. Já Joaquin Salgado, representando o MADR, destacou alguns temas comuns apontados pelos grupos de trabalho como o diálogo constante entre o extensionista e o produtor; a implementação e utilização de ferramentas tecnológicas no campo; e o mapeamento de atores e produtos da agricultura familiar para troca de conhecimentos entre extensionistas e produtores. O coordenador regional da Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome 2025/Programa de Cooperação Brasil-FAO, Ronaldo Ferraz, avaliou de maneira muito positivamente a oficina realizada e considerou que as discussões promovidas pelos grupos de trabalho contribuirão para o sucesso do projeto Semeando Capacidades, desenvolvido na Colômbia.
Semeando Capacidades
O projeto Semeando Capacidades, iniciado em novembro de 2019 no âmbito da Cooperação Internacional Brasil-FAO, busca fortalecer políticas e instrumentos que promovam a rentabilidade e sustentabilidade do campo colombiano, sendo um importante instrumento de apoio para que a agricultura do país possa cumprir com o seu papel de contribuir para a transformação econômica, social e política.
Fonte: Com informações da FAO