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Brasil e Burkina Faso aceleram cooperação agrícola
Uma missão de técnicos de Burkina Faso visitou o Brasil, durante o período de 8 a 14 de dezembro, para dar continuidade ao projeto de cooperação técnica, coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), de controle da “Murcha” (seca) da Mangueira.
A delegação foi composta de representantes do Instituto Nacional do Meio Ambiente e Ciências Agrícolas (INERA, sigla em francês) e da Associação dos Produtores de Manga de Burkina Faso (APROMAB), que foram acompanhados por representante da ABC.
O grupo visitou, em Vista Alegre do Ato, no interior de São Paulo, uma plantação de mangas contaminada pela praga, o fungo “Ceratocystis Fimbriata” , que também ataca plantações de eucalipto, kiwi, entre outras espécies. Durante a visita, o professor Acelino Alfenas, da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Clonar Eucalipto, parceiras no projeto de cooperação, demonstrou as técnicas de corte das plantas a fim de coletar o tecido que ataca a mangueira e, assim, isolar o fungo em laboratório.
A visita ao laboratório da UFV complementou o treinamento dessa etapa investigativa. O fitopatololgista, pesquisador da cultura da manga, Léonard Ouedraogo, estendeu o período de permanência no Brasil para receber treinamento mais aprofundado sobre coleta de amostras e identificação da doença. Ele será um multiplicador do conhecimento em seu país.
Além do laboratório, a visita incluiu a ida ao banco de germoplasma, onde são cultivadas espécies que podem combater o fungo. Lá, centenas de espécies diferentes de manga são produzidas com destaque para a espécie Ubá, já testada pelo professor da UFV em países para onde levou a técnica.
Para o gerente da Coordenação de Cooperação Técnica com África, Ásia e Oceania da ABC, Antonio Junqueira, essa etapa do projeto treinou os técnicos em duas frentes. “Eles aprenderam a identificar o fungo em campo e também conhecer como funciona a análise em laboratório, além das diferentes técnicas de controle” .
Produto de Exportação
A manga é o principal produto de exportação de Burkina Faso. Ao todo, 17 mil agricultores familiares dependem da cultura da manga, cujas propriedades variam de 1 a 10 hectares.
Segundo dados do Centro Nacional de Especialização em Frutas e Legumes do INERA, uma pesquisa constatou que há incidência da doença nas 6 (seis) províncias produtoras de manga, variando de 42 % da área cultivada em algumas e chegando a 86% em Nahouri e 81,6% em Sissili.
A doença da seca da mangueira em Burkina Faso ameaça a segurança alimentar e nutricional, causa desemprego e a consequente emigração dos agricultores que dependem da cultura. A manga é, também, um complemento à alimentação de parcela expressiva da população e sua cultura contribui para geração de emprego na cadeia de sua produção e sua agroindústria.
Laboratório
O INERA criou um laboratório em parceria com o Institut de Recherche pour le Développement (IRD) - Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento para formalizar a parceria no campo de proteção de culturas. O laboratório, LMI PathoBios, Observatório de Agentes Fitopatogênicos na África Ocidental, foi criado em 2013 e, em 2019, ganhou novas parcerias com universidades de Burkina Faso.
O objetivo do LMI PathoBios é caracterizar e estudar a diversidade de patógenos presentes nas culturas alimentares e o biomonitoramento desses patógenos em relação às mudanças globais, notadamente climáticas.
Segundo encontro
Esse é o segundo encontro dos técnicos brasileiros com os técnicos burquinenses já que o Brasil esteve no país africano entre os dias 10 e 11 de junho. Durante essa visita, foram apresentados os princípios da cooperação técnica bilateral e, também, o papel do Instituto Nacional do Meio Ambiente e Ciências Agrícolas (INERA), suas atribuições e sua hierarquia na Administração pública de Burkina Faso.
O encontro seguiu a metodologia do manual da cooperação técnica Sul-Sul da ABC, como o desenho da árvore de problema e a consequente árvore de solução do problema central que habilitou a equipe técnica da ABC a elaborar a matriz lógica do documento de projeto, com objetivos gerais, específicos e as atividades previstas