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Brasil e Argentina cooperam para o desenvolvimento infantil
O cuidado com a criança nos primeiros três anos de vida é decisivo para o desenvolvimento e interfere diretamente no futuro do ser humano. Este é o fundamento do Programa Criança Feliz , criado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) , em 2016. O sucesso do programa, considerado um grande avanço para as políticas em defesa dos direitos das crianças, levou o Brasil a firmar um acordo de cooperação com a Argentina para compartilhar conhecimentos e experiências.
O projeto “Fortalecimento de Ações para a Promoção do Desenvolvimento Infantil Precoce”, em execução desde 2017, é desenvolvido por meio de uma parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) , o MDS e governo Argentino. A iniciativa tem grande importância para o Brasil, que vem aprendendo muito com as experiências do programa argentino “Primeiros Anos”, que, desde 2006, atende menores em situação de vulnerabilidade, beneficiando famílias com crianças de zero a quatro anos.
A faixa etária dos menores atendidos pelos programas de atenção à primeira infância é uma das principais diferenças entre as propostas brasileira e argentina, como explica a servidora do MDS, Palloma Belfort: “ No Brasil o programa vai de zero a seis anos de idade. Nos três primeiros anos da criança, desde a gestação, os técnicos fazem uma visita por semana às casas das famílias, depois as visitas diminuem, mas o apoio continua até os seis anos de idade ”.
Palloma coordena um núcleo de capacitação de “visitadores” brasileiros. Por meio da cooperação, ela pôde conhecer de perto a metodologia argentina. “ Fui em setembro para Bariloche e acompanhei algumas reuniões de capacitação dos ‘facilitadores’ de lá. Isso foi muito rico para mim porque eu pude trazer pro Brasil novas experiências, até mesmo para flexibilizar nossas metodologias de capacitação por aqui ”.
Os “visitadores” são técnicos capacitados pelo MDS para realizar o acompanhamento das famílias em diversos estados do Brasil com o objetivo de oferecer aos mais vulneráveis informação e oportunidades de interação com as crianças, identificando oportunidades e riscos para o desenvolvimento infantil. A atenção integral na primeira infância, com estímulos adequados, conduz ao desenvolvimento das habilidades, facilita o aprendizado e determina as contribuições que a criança trará à sociedade quando adulta.
“ Aqui no Brasil, a gente vê que os ‘facilitadores’ sabem os nomes das famílias e das crianças decorados. Eles fazem parte do dia-a-dia das famílias, fazem muito bem essa parte de apoiar as mães, incentivar a interação com as crianças. Isso foi uma das coisas que chamou muito a atenção das técnicas argentinas ”, conta a Assessora Técnica Internacional do MDS, Mariana Campos. Ela foi responsável por acompanhar as especialistas argentinas Ángela Simonetta e Moira Valeria em visitas de campo às cidades de Natal e Bom Jesus, no Rio Grande do Norte, no início deste mês.
Ángela e Moira participaram de uma oficina de capacitação e tiveram a oportunidade de acompanhar visitas às famílias beneficiadas pelo Criança Feliz. Para Ángela, a grande quantidade de famílias atendidas pelo programa é um dos êxitos brasileiros. “ A experiência do Brasil é diferente da nossa e nos permite pensar e repensar nossas próprias práticas, nossos pontos fortes e fracos. O que me surpreendeu foi a quantidade de pessoas e de técnicos que participam do programa aqui. Na argentina o número é bem menor ”.
Encontro Nacional do Programa Criança Feliz
Aproveitando a vinda ao Brasil, as técnicas argentinas participaram hoje, seis de dezembro, em Brasília, do “Encontro Nacional do Programa Criança Feliz”. O evento, organizado em comemoração à marca de 9 milhões de visitas domiciliares realizadas, contou com a presença do Ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, que reforçou a importância do papel do visitador, que atua como ponte entre o governo e as famílias mais vulneráveis.
“ A presença do visitador nas casas das pessoas muda a vida dessas crianças e das famílias ”, afirmou. “ É uma política para mudar a realidade do nosso país em 15, 20 anos. Teremos jovens com menos tendência à violência e ao uso de drogas, mais capacitadas para superar a pobreza ”, concluiu ele.
Para Moira, é muito importante investir em políticas públicas voltadas à primeira infância: “ os primeiros mil dias de vida de uma criança são um período de desafios e oportunidades. É um momento crítico em que é imprescindível desenvolver as capacidades e potencialidades da criança, é aí que devemos investir ”.
Autor: Isabelle Marie/ Agência Brasileira de Cooperação (ABC)
Fonte: MDS e ABC