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Brasil compartilhará com a Guiné-Bissau técnicas para processamento do caju
O setor agrícola é uma das principais áreas demandadas para projetos de cooperação técnica, recebidas pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Na Guiné-Bissau, país africano que possui clima e solo semelhante a algumas regiões do Brasil, não é diferente.
O projeto “Implantação e implementação de unidade de processamento do pedúnculo do caju e outras frutas tropicais na Guiné-Bissau” , coordenado pela ABC e implementado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e com o governo da Guiné-Bissau, tem por objetivo contribuir para a geração de emprego e renda no país africano por meio da diversificação da oferta de produtos oriundos do processamento do caju.
E a iniciativa é especialmente importante porque 80% da população rural guineense é dependente direta ou indiretamente do caju para o seu sustento. Atualmente, a Guiné-Bissau produz cerca de 200 toneladas de caju por ano, em aproximadamente 400 mil hectares de terra.
Outros países africanos da região também são importantes produtores de caju, sendo que Côte D´Ivoire é o maior produtor mundial. “Mas na transformação dos subprodutos do caju, estamos à frente de muitos desses países” , afirma o engenheiro André Lopes da Veiga Manque, coordenador e ponto focal do projeto pelo governo da Guiné-Bissau.
Unidade Didática de Processamento do pedúnculo do caju
A iniciativa contemplará a implementação de uma “Unidade Didática de Processamento do pedúnculo do caju” no “Centro de Promoção do Caju”, um complexo industrial dedicado ao caju. Manque relata que o Brasil sempre foi uma referência para o seu país, no que se refere ao caju e seus subprodutos.
O engenheiro conta que mesmo antes desse projeto, já existia uma relação de parceria com professores universitários do nordeste brasileiro, maior região produtora de caju no País. “Os nossos engenheiros foram buscar inspiração e conhecimento com os especialistas brasileiros, para aprimorar a nossa produção” , relembra. “Desenvolvemos, inclusive, uma máquina de transformação do caju com base em um modelo brasileiro.”
Essa “Unidade Didática de Processamento do pedúnculo do caju” será utilizada para a realização de capacitações a técnicos guineenses, pelos especialistas da EMBRAPA, em transformação dos subprodutos do caju. Os técnicos guineenses ali capacitados serão multiplicaddores do conhecimento no resto do país. No espaço, serão instaladas máquinas, doadas pelo Brasil, para a realização de tais oficinas.
Entre os subprodutos já produzidos pela Guiné-Bissau atualmente, estão o suco de cajú, bolacha, massa de pizza, licor, doce, geleia, vinho, entre outros. A expectativa é ampliar ainda mais a oferta, para aumentar a renda dos produtores. No projeto com o Brasil não está contemplado, entretanto, o processamento de produtos feitos com a castanha do caju, somente com a fruta. Manque explica que, atualmente, grande parte da fruta é descartada na Guiné-Bissau, e com o projeto poderá ser aproveitada.
“Sobretudo num país que carece de tantos nutrientes na alimentação da sua população, poder aproveitar toda a fruta é muito importante para nós. E o Brasil é o único país que tem o domínio da transformação da fruta. Vocês conseguiram combinar a tecnologia e o manejo artesanal” , afirma Manque. “A tecnologia da EMBRAPA e o apoio da ABC nos permitirão fazer a transformação dos subprodutos e estar no mercado.”
A expectativa é que as obras para a construção da Unidade tenham início ainda no primeiro semestre de 2020.
Autor: Janaina Plessmann