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Brasil, Algodão e Cooperação
Teve início nessa terça-feira (27) o 12° Congresso Brasileiro do Algodão , cuja edição desse ano acontece na cidade de Goiânia. Com duração de três dias, o maior evento brasileiro do setor reúne cerca de 20 expositores, entre instituições públicas e privadas, palestrantes nacionais e internacionais, dezenas de trabalhos científicos e um público estimado em 2.000 participantes. Nesse importante espaço do agro nacional, estande da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) se destaca, logo na entrada da área de exposições, pelo seu dinamismo e oferta única de informações sobre a cooperação técnica internacional promovida pelo Brasil, no setor do algodão, com 22 países da África e da América Latina e o Caribe.
O estande da ABC é também ponto de encontro dos cerca de 130 participantes estrangeiros, representantes dos países africanos e latino-americanos com os quais o Brasil desenvolve seus projetos de cooperação técnica, que vieram participar do evento. Ali se reúnem também integrantes dos organismos internacionais e instituições públicas brasileiras, parceiras da ABC na implementação das iniciativas, nos países parceiros.
O tom internacional do Congresso, pautado pela ABC, ficou claro nas palavras do seu Diretor, Embaixador Ruy Pereira, o segundo a falar na cerimônia de abertura do evento. Em um auditório lotado do Centro de Convenções de Goiânia, o Embaixador brasileiro abriu o seu discurso cumprimentando, em francês, inglês e espanhol os mais de 130 representantes estrangeiros, parceiros da ABC, ali presentes. Ruy Pereira fez um panorama geral da importância do algodão para a economia dos países e a troca de experiências e aprendizados sobre o algodão que são promovidos nos três dias do Congresso, ocasião na qual a Agência poderá também divulgar os projetos que desenvolve e de que forma os mesmos tem também beneficiado o setor cotonícola no Brasil.
"O Congresso é também uma grande oportunidade para apresentar à sociedade brasileira os resultados da cooperação técnica do Brasil com outros países no setor, fortalecer as parcerias entre associações de produtores e institutos de pesquisa da África e da América Latina e discutir maneiras de reforçar o uso dessa fibra natural frente aos sintéticos, o que beneficia não apenas agricultores de algodão dos países parceiros (que são, em geral, agricultores familiares), mas também os produtores brasileiros" , afirmou o Embaixador Ruy Pereira.
O Brasil, o algodão e a cooperação
O Brasil desenvolve atualmente 15 programas de cooperação técnica em 22 países da África, América Latina e Caribe, totalizando 45 iniciativas, na medida em que grande parte dos programas beneficia mais de um país. Os projetos são realizados em parceria com 13 instituições brasileiras públicas e privadas, 4 agências especializadas das Nações Unidas e os governos dos 22 países cooperantes: Argentina, Benim, Bolívia, Burkina Faso, Burundi, Cameroun, Chade, Colômbia, Côte d´Ivoire, Equador, Etiópia, Haiti, Malawi, Mali, Moçambique, Paraguai, Peru, Quênia, Senegal, Tanzânia, Togo e Zimbábue.
Os projetos contemplam ações em diferentes etapas da cadeia produtiva do algodão: desde a fase de produção (com atividades de melhoria do solo e técnicas de cultivo, por exemplo, para o aumento da produção); iniciativas que promovem o trabalho decente em todas as etapas da cadeia produtiva (como combate ao trabalho infantil e trabalho escravo, práticas de trabalho decente nas fábricas de beneficiamento do algodão, etc); e projetos que promovem a diversificação e o escoamento dos ubprodutos do algodão, para o aumento da renda dos produtores e produtoras e sua maior segurança alimentar. Os diversos projetos demonstram a visão brasileira sobre a importância da implementação sustentável das ações de cooperação técnica promovidas pelo País.
Trocas de experiências e novo projeto no Senegal
A participação nas sessões temáticas do Congresso propicia rica troca de experiências entre os representantes estrangeiros e a audiência brasileira. O intercâmbio é também oportunidade para a identificação de desafios e soluções inovadoras comuns entre o Brasil e os países cotonicultores da África e da América Latina, com vistas ao aprimoramento de políticas e ações voltadas ao setor algodoeiro.
No primeiro dia do Congresso, destaca-se a assinatura de um novo projeto de cooperação entre Brasil e Senegal, com o objetivo de aumentar a capacidade produtiva dos agricultores familiares senegaleses, com a inserção de novas variedades de algodão; produzir algodão de melhor qualidade, que possa ser competitivo no mercado nacional e internacional; ampliar a renda e a promoção de empregos para jovens que vivem no meio rural, incluindo mulheres. A iniciativa será desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) , a Associação Mineira de Produtores de Algodão (AMIPA) e o Instituto Senegalês de Pesquisa Agrícola (ISRA) .
Em suas palavras, o Diretor do ISRA, Alioume Fall, falou sobre suas expectativas em relação ao novo projeto que, segundo Alioume, está totalmente alinhado ao programa estratégico desenhado pelo governo do seu país, chamado "Senegal Emergente", que tem como objetivo, até 2030, desenvolver ações paralelas em várias áreas para o desenvolvimento sustentável do Senegal. "E o algodão, nesse contexto, é um produto chave, com enorme potencial e que, com aumento de produção, poderá beneficiar milhares de agricultores familiares do Senegal" , afirmou o Diretor do ISRA. "Queremos aprender com o Brasil e desenvolver nossas capacidades para que, no final do projeto, nosso país possa ter condições de conduzir o projeto por conta própria" , concluiu.
Na sala de reuniões, presente no estande da ABC, a cooperação internacional se torna ainda mais evidente. Ali acontecem pequenas reuniões, tanto para alinhamento das atividades previstas para os projetos em curso como para a identificação de novas ações de intercâmbio entre os países africanos, como um encontro realizado na manhã desta quarta-feira (28) entre os representantes de países africanos francófonos. Em outro momento, representantes de diferentes instituições colombianas também alinharam suas expectativas acerca das atividades futuras previstas em um dos projetos.
Como afirmou o Diretor da ABC em suas palavras de abertura, a cooperação técnica promovida pelo Brasil pode contribuir para a superação dos desafios enfrentados pelo setor algodoeiro, tanto a nível internacional como nacional, tais como as flutuações do preço do algodão, os subsídios agrícolas praticados por alguns países ou a disputa de mercado com fios e tecidos não sustentáveis. "Nesse contexto, destaco a importância da cooperação técnica brasileira para responder a esses desafios, especialmente por meio da tecnologia e da inovação" , ressaltou.
Nos próximos dias, está ainda previsto um evento paralelo, promovido pela ABC em conjunto com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA) e agências especializadas da Organização das Nações Unidas (ONU) como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (CDE/PMA), sobre a importância da certificação na cadeia produtiva de algodão; além de outras reuniões de intercâmbio entre os participantes.
Leia, abaixo, o discurso do Diretor da ABC na cerimônia de abertura do 12º CBA em português, inglês, espanhol e francês.
Assista, aqui , uma pequena animação sobre o "Programa Brasileiro de Cooperação Técnica Sul-Sul para o Setor Algodoeiro".
Autor: Janaina Plessmann
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