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Balanço da Missão Humanitária Interdisciplinar ao Haiti é apresentado em reunião interministerial
“A assistência humanitária internacional brasileira está se inserindo no sistema global de assistência humanitária internacional, que é gerenciado com padrões estabelecidos e com requerimentos definidos pelas Nações Unidas” , afirmou o Embaixador Ruy Pereira, Diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), durante a II reunião ordinária do Grupo de Trabalho Interministerial sobre Cooperação Humanitária Internacional (GTI-CHI), realizada remotamente nesta quarta-feira, 15/09.
O Diretor da ABC lembrou que o tempo de resposta do País para envio de ajuda a outras nações tem sido cada vez menor, o que se aproxima do tempo das 48 horas estabelecidas como padrão pela ONU. Ruy Pereira recordou que, em 2019, a missão humanitária brasileira enviada a Moçambique, em resposta aos ciclones Kenneth e Idai, que flagelaram aquele país africano, decolou 15 dias depois do apelo por ajuda internacional emitido pelo governo moçambicano; já no ano passado, a missão humanitária multidisciplinar enviada ao Líbano, em decorrência da devastadora explosão ocorrida no Porto de Beirute, partiu em 7 dias, e, finalmente, a recente missão humanitária multidisciplinar ao Haiti, depois do forte terremoto que sacudiu o país em 14 de agosto passado, partiu em somente quatro dias depois do recebimento do apelo por assistência internacional difundido pelo governo haitiano. “O padrão internacional do Sistema ONU para operacionalizar uma ação de assistência humanitária é de dois dias. Portanto, nós estamos hoje bem próximos desse padrão internacional, e atingi-lo é um dos propósitos estratégicos deste grupo de trabalho”.
Durante o encontro, os 42 participantes que representam os 17 ministérios e órgãos que compõem o GTI-CHI, puderam conhecer em detalhe as ações realizadas pela missão brasileira que esteve no Haiti entre os dias 23/08 e 12/09. O Coordenador-Geral da Missão, Armin Braun, apresentou um panorama de como foi a ação das equipes integradas por 32 bombeiros que estiveram em campo naquele país, desdobradas em atendimentos médicos, avaliação de estruturas prediais, desobstrução de vias, resgate de medicamentos e de peças históricas de importância para as comunidades afetadas, demolição de prédios condenados e recuperação emergencial de capacidade de funcionamento de alguns serviços locais, a exemplo de abastecimento de água potável e de transporte terrestre (recuperação de ponte, por exemplo. Além dessas atividades de campo, a Missão brasileira incluiu a doação de inúmeros itens de emergência, alimentos, “kits” de medicamentos e itens hospitalares e purificadores de água ao governo haitiano e também a religiosos brasileiros estabelecidos nas áreas afetadas pelo sismo (54 desses equipamentos potabilizadores de água foram doados pela ABC).
Segundo Braun, os purificadores representaram uma solução diferenciada para dois problemas sérios existentes naquele país: a escassez de água potável e, igualmente, a ausência de um sistema de coleta de lixo. Isso porque os purificadores de água são mecanismos sustentáveis e não geram lixo plástico, a exemplo das milhares de garrafas plásticas descartáveis com água doadas em ações de cooperação humanitária internacional. “O Brasil conseguiu, através dos purificadores, levar uma ajuda sustentável e que não prejudica um outro problema sério do país, que é o descarte de lixo”.
Braun destacou o apoio recebido da Embaixada do Brasil em Porto Príncipe, essencial para que os profissionais brasileiros pudessem focar em suas funções em campo. O aluguel de veículos, a contratação de intérpretes e de seguranças, a compra de combustível e outras medidas de cunho administrativo foram realizadas pela Embaixada, em articulação com a ABC. “Foi um trabalho árduo, e muito profissional, dedicado integralmente ao desempenho da Missão Brasileira, o que nos deixou mais tranquilos para focar no nosso trabalho” , elogiou Braun.
Lições Aprendidas
O Coordenador-Geral falou também sobre as lições aprendidas com a Missão. Para Braun, o Brasil mostrou, mais uma vez, que tem grande potencial e capacidade de ação, especialmente no apoio a países de América Latina e Caribe, assim como países de língua portuguesa. Outro aspecto relevante, e determinante do êxito da Missão brasileira, foi seu caráter multidisciplinar, característica que demonstrou cabalmente seu valor e utilidade, sobretudo para as populações afetadas. A ação rápida e coordenada também foi um dos destaques, apresentado como “resultado da colaboração entre os membros do GTI, agregada à coordenação e experiência da ABC, à frente da Secretaria Executiva do colegiado."
Autor: Cláudia Caçador