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Ambiente Virtual permite ampliar alcance de ações em projetos de cooperação
Buscar novos mecanismos de trabalho e maneiras de ampliar o alcance das ações estabelecidas em projetos de cooperação. Essa tem sido uma constante desde que a pandemia exigiu o isolamento e a interrupção de atividades presenciais em todo o mundo.
Reuniões de trabalho têm sido feitas remotamente, cursos têm sido desenhados para a modalidade a distância e eventos são, agora, pensados para o ambiente virtual. Enquanto essa mudança tira o contato presencial, com uma troca que muitos acreditam ser insubstituível, ela permite, no entanto, ampliar o alcance de pessoas e, assim, disseminar conhecimento de maneira mais abrangente.
Foi durante a reunião, remota, de monitoramento do projeto “ Boas Práticas em Redes na Implantação e Implementação dos Sistemas de Informação para Infância e Adolescência” , executado pela Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA) , do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) , que representantes do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) conheceram ações do projeto que têm sido amplificadas devido ao uso das plataformas digitais.
É o caso dos Fóruns Nacionais para a Proteção da Criança e do Adolescente, desenhados para a plataforma virtual, com salas para cada região do país e a presença de diversos especialistas e profissionais do sistema de garantia de direitos das crianças e adolescentes como juízes, médicos, professores. Ao todo, quatro fóruns com diferentes temas estão previstos. O primeiro, ocorrido em julho, foi sobre a exploração e abuso sexual infantil pela internet.
Alcance
Segundo o Coordenador-Geral de Políticas Temáticas do Ministério, Carlos Said, o ambiente permitiu a troca de experiências e a discussão, com um recorte regional, de propostas de políticas públicas no tema. “Esse foi o maior evento que o ministério já fez, com mais de 140 mil acessos” , disse. “A crise (da pandemia) nos trouxe dificuldades, mas oportunidades também, porque percebemos que o alcance em um evento virtual tem uma força e um impacto gigantes” , comemorou.
Essa potencialização de alcance é especialmente importante quando se fala de capacitação. Said lembra que a Carta Acordo estabelecida com o Centro de Estudos Avançados de Governo e Administração Pública da Universidade de Brasília (CEAG/UnB) ganhou dimensão estratégica na secretaria, desde 2019, em função da proposta de implementação da Escola Nacional de Socioeducação (ENS) e da Escola Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (ENDICA).
Com as escolas, o ministério pretende ofertar desde cursos básicos para o público geral até extensão, aperfeiçoamento e mestrado. A reestruturação da Carta Acordo com a UnB tem criado mecanismos de planejamento, governança e planos de sustentabilidade para as escolas, mesmo quando findada a cooperação.
Para Honório Neto, coordenador de projetos da SNDCA, a reestruturação da carta e o foco na formação de profissionais diante da modalidade EaD permitirá atingir, por exemplo, um público de 40 mil conselheiros tutelares em um único curso. “Isso significa muito porque houve uma renovação de cerca de 40% dos conselheiros em todo o Brasil, em 2019, então a necessidade de capacitação tornou-se urgente”, adverte. “A previsão anterior era o alcance de mil pessoas, de um público de 70 mil conselheiros.”
Conferência
Uma outra carta acordo, estabelecida no âmbito do projeto, já trabalha com a nova realidade diante da pandemia. A Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) , contratada para desenvolver metodologias e apoio para a produção de material técnico para a XI Conferência Nacional dos Direitos de Crianças e Adolescentes – XI CNDCA, está adaptando toda a metodologia para a plataforma virtual.
“Essa será a primeira conferência virtual na história e vamos ter a participação de 1500 pessoas” , comemora Carlos Said. " A Flacso tem feito um trabalha muito articulado junto aos comitês de organização da Conferência, o que tem sido uma excelente experiência.”
Outro resultado apresentado, no âmbito do projeto de cooperação, foi relacionado à carta acordo firmada com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) , responsável pela pesquisa nacional para qualificar os processos de implantação e implementação dos Sistemas de Informação para Infância e Adolescência. Entre janeiro e abril de 2020 a UFRGS aplicou os questionários e fez a sistematização dos principais indicadores. A próxima fase é a realização de um seminário de debate e validação desses indicadores, seguido por pesquisa de campo.
A responsável pelos projetos multilaterais da ABC junto ao PNUD, Alessandra Ambrosio, destacou o alcance do projeto e os números apresentados. Lembrou também que, no futuro, talvez seja possível juntar as modalidades presencial e virtual para o ganho de todos. “Estamos buscando novas formas de comunicação e novos mecanismos. A possibilidade de trabalharmos a distância realmente possibilitou alcançar um público-alvo maior, muito embora acho que a riqueza do contato de uma ação de formação presencial seja inegável. Acho possível compormos, no futuro, as duas maneiras” .
Autor: Claudia Caçador