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Adolescentes e Jovens da América Latina e Caribe Dizem #NãoAoTrabalhoInfantil
No marco do Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil e do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, comemorado em 12 de junho, a América Latina e o Caribe aderiram à campanha global com um evento virtual intitulado "#ChallengeAccepted: adolescentes e jovens enfrentando o trabalho infantil" , organizado pela Iniciativa Regional América Latina e Caribe Livre de Trabalho Infantil e pelo Escritório d a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil. A Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) , apoia a iniciativa promovida pela OIT, por meio do Projeto “Algodão com Trabalho Decente” desenvolvido em parceria com o Instituto Brasileira do Algodão (IBA).
O evento virtual reuniu representantes de organizações juvenis da região, tanto rurais quanto urbanas, e outros atores envolvidos na luta contra o trabalho infantil. O encontro buscou dar visibilidade à importância de se levar em consideração experiências, compromissos e propostas, assim como refletir sobre os desafios, presentes e futuros, para a educação e o trabalho nesse tema. A campanha global pretende contribuir para o cumprimento da meta 8.7 da Agenda 2030 das Nações Unidas, que se compromete a erradicar o trabalho infantil nos próximos quatro anos.
O encontro foi dividido em três blocos, com três representantes da juventude em cada um. O primeiro abordou estudos durante a pandemia; o segundo bloco foi sobre as experiências da juventude durante as medidas de confinamento; e por fim, o terceiro bloco tratou das perspectivas sobre a pós-pandemia e o futuro do trabalho.
Autoridades de governo, procuradores do trabalho e organizações de empregadores de Brasil, México, Paraguai, Suriname, Uruguai e Guatemala deixaram sua mensagem, por meio do vídeo “Vozes do mundo do trabalho”.
Noemi Rosales, integrante da Associação Civil Crescer Juntos e ex-trabalhadora infantil de Tucumán, na Argentina, afirmou que “quando se é pobre, os sonhos mudam na adolescência e na juventude. Passa-se do sonho com uma profissão ao sonho de pelo menos ter a segurança de um lar e poder combater a fome” . Nesse sentido, ela destacou que “acompanhar e ouvir” são duas ferramentas que podem mudar a vida de meninos e meninas em situação de vulnerabilidade, que os lança para o trabalho desde muito jovens.
Por sua vez, Henry Pilco, promotor comunitário do programa de trabalho infantil do Centro de Desenvolvimento e Autogestão-DYA, da Marcha Global contra o Trabalho Infantil, e ex-trabalhador infantil, de Quito, no Equador, afirmou que o trabalho infantil coloca em risco a educação e a segurança de crianças e adolescentes. Ele lembrou aos adolescentes e jovens que eles e elas podem fazer a diferença se envolvendo na causa.
Estatísticas
Segundo estimativas mundiais recentes da OIT e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) sobre trabalho infantil, houve uma redução no número de crianças e adolescentes em situação de trabalho na região: de 10,5 milhões em 2016 para 8,2 milhões no início de 2020. No entanto, esse número pode ter sido revertido nas regiões duramente atingidas pela COVID -19.
O evento contou, ainda, com a participação de Vinícius Pinheiro, Diretor regional da OIT para a América Latina e o Caribe, que destacou que a situação atual é complexa. Ele disse que a perda de empregos, a queda da renda, o aumento da pobreza e a ampliação das desigualdades devido à crise impactam as crianças, os adolescentes, os jovens de todos os nossos países.
Criatividade
“#ChallengeAccepted: adolescentes e jovens enfrentando o trabalho infantil” destacou-se pela criatividade com que cada representante jovem tratou dessas questões relacionadas com o trabalho infantil.
Entre suas propostas, adolescentes e jovens destacaram que as respostas à crise devem levar em consideração investimentos em educação inclusiva e de qualidade, para que a juventude esteja qualificada a aproveitar oportunidades e ter acesso a empregos decentes. Além disso, os representantes jovens lembraram que todos devemos assumir a responsabilidade de lutar por uma região livre do trabalho infantil.
Em 2021, o Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil deve incluir as vozes e as capacidades de adolescentes e jovens no combate ao trabalho infantil. Torna-se ainda mais importante que o ritmo de redução do trabalho infantil seja mantido, especialmente no contexto da crise sanitária e econômica enfrentada pelos países durante a pandemia.