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Ações de conservação do solo na produção de algodão
No âmbito do Dia Mundial do Solo, comemorado pela ONU em 05 de dezembro, vale relembrar a importância do solo , peça fundamental no desenvolvimento sustentável dos países. Sua saúde e equilíbrio são vitais para assegurar as condições produtivas adequadas de diversos sistemas agrícolas e florestais.
Uma das ações em campo do projeto +Algodão - desenvolvido por meio de uma parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) , a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e os governos de sete países parceiros da América Latina e do Caribe - é o trabalho de conservação do solo a partir de um olhar sustentável, que pode gerar mudanças profundas e permanentes nos sistemas produtivos. O projeto conta com sete países sócios: Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Haiti, Paraguai e Peru.
Divulgação de boas práticas e capacitação nos países
Um dos componentes-chave do projeto é a capacitação por meio de dias no campo, oficinas, cursos, parcelas de experimentação de combinação de culturas, além da validação de sementes e boas práticas tecnológicas. O objetivo é melhorar a utilização dos solos, especialmente no cultivo de algodão e cultivos associados, e de rotação, com a participação de agricultores familiares e técnicos de instituições nacionais ligadas ao tema.
As atividades em campo, nos países parceiros, contam com o apoio técnico das instituições brasileiras cooperantes: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB) , que se somam aos esforços das instituições públicas e privadas nacionais na busca por soluções para o setor algodoeiro.
Nas parcelas demonstrativas implementadas no Paraguai, Peru, Colômbia e Bolívia são gerados espaços para a formação de conhecimentos técnicos e de gestão para a mitigação de riscos, além de se trabalhar a perspectiva de gênero e os efeitos das mudanças climáticas, entre outros aspectos que atingem de forma particular cada país. Essas atividades estão dirigidas a distintos públicos como pesquisadores, técnicos extensionistas, agricultores e estudantes de nível técnico de escolas agrícolas.
“Um bom manejo dos solos gera um impacto positivo na renda de pequenos, médios e grandes produtores, associado à diminuição de custos e/ou o aumento da produtividade das culturas” , afirmou Adriana Gregolin.
No Peru, por exemplo, em 2018, espera-se incorporar restos de cultivos ao solo, como uma estratégia para melhorar sua composição de matéria orgânica e preparar o terreno para um próximo plantio. Já no Paraguai, tem-se promovido alinhamentos estratégicos sobre o manejo sustentável do solo e de recursos naturais na produção algodoeira, por meio de um modelo diversificado entre algodão e outros alimentos - além de adubos verdes para aumentar a matéria orgânica e as capacidades produtivas do solo -, a partir da metodologia de capacitações presenciais, dias no campo e oficinas para intercâmbio de conhecimentos.
Os resultados das últimas safras no Paraguai demonstram que o projeto já começa a dar frutos. Foi registrado um aumento de 50% na produtividade do algodão produzido nas parcelas demonstrativas, em comparação com a média nacional. No Peru, obteve-se um aumento entre 80% e 200%, resultados alcançados a partir da aplicação de boas práticas e inovações promovidas pelas instituições parceiras nesta iniciativa de cooperação.
Mais de mil pessoas no Paraguai e no Peru ampliaram seus conhecimentos em preparação de solo e fertilização, plantio mecanizado, manejo integrado de pragas e controle de crescimento das plantas, e manejo de pesticidas, além de uma melhora gestão dos custos na propriedade, graças às capacitações promovidas pelo Projeto +Algodão.
A importância dos solos e as boas práticas agrícolas
Vale lembrar que a agricultura intensiva impacta diretamente nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, o que requer uma gestão mais adequada da propriedade. Práticas como o excessivo uso de agroquímicos ou uma lavoura intensiva podem afetar as propriedades do solo, gerando um aumento da compactação e erosão; a perda do solo e de microrganismos benéficos, de matéria orgânica e da capacidade de retenção de água ou de alterações nos níveis naturais de fertilidade e pH. Essas e outras perturbações geram condições desfavoráveis para o bom crescimento e desenvolvimento dos cultivos, que terminam por fragilizar as famílias agricultoras ao colocar em risco sua capacidade produtiva e sua segurança alimentar.
“O algodão sustentável é uma cultura que gera uma renda importante para as famílias agricultoras e pode ser um aliado na luta contra a desertificação e a degradação das terras. Dessa maneira, contribui para deter a perda de biodiversidade dos solos, no marco da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável” , conclui Adriana Gregolin.
Consulte aqui mais informações sobre o projeto.
Fonte: FAO
Foto: Max Toranzos/FAO