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ABC co-organiza evento sobre troca de experiências em programas de alimentação escolar
Um evento realizado em paralelo à 47ª Sessão do Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA), nesta segunda-feira, 8/2, foi palco para a troca de experiências sobre programas de alimentação escolar, em diferentes partes do mundo, no contexto da pandemia da COVID-19. O encontro remoto teve participação de mais de 220 pessoas e foi co-organizado pelo Governo brasileiro e pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA), com apoio dos Governos dos Estados Unidos, da Finlândia e de Ruanda.
Em mensagem gravada em vídeo, o Ministro de Cooperação para o Desenvolvimento e Comércio Exterior da Finlândia , H.E. Ville Skinnari, abriu o evento e recordou que a alimentação escolar foi uma inovação social transformadora para a Finlândia, país que oferece merendas escolares há mais de 70 anos: “Os programas de alimentação escolar são uma parte fundamental da história de sucesso da educação finlandesa e nós sabemos, com base na nossa própria experiência, que os benefícios da alimentação escolar vão muito além de um prato de comida” .
A experiência de Ruanda, país que tem demonstrado forte compromisso com o tema, foi compartilhada pelo Secretário Permanente do Ministério da Educação , Samuel Mulindwa. Em 2020, o governo ruandês adotou a política de alimentação escolar em todos os níveis de educação básica do país. A expansão da oferta de alimentação escolar em Ruanda, que hoje atende 640 mil estudantes, deverá beneficiar cerca de 3,3 milhões de crianças. Atualmente, o país africano investe na infraestrutura das escolas, com a construção de mais de 2 mil e 600 cozinhas, para estar preparado para a volta às aulas presenciais. Essa e outras ações são realizadas em parceria com o Programa Internacional de Alimentos para Educação e Nutrição Infantil McGovern-Dole, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e com o Programa Mundial de Alimentos (PMA).
Agricultura familiar
Já o Programa McGovern-Dole, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos , desenvolve 47 projetos diferentes em 30 países pelo mundo, e tem associado a oferta de alimentos a ações de higiene e educação. Lindsay Carter, diretora do Programa, destacou as diferentes atividades de assistência técnica oferecidas: capacitações em gestão de escolas; construção de latrinas e de pias para lavagem das mãos; construção de cozinhas; formação de professores, entre outras. Carter salientou que os implementadores dos programas coordenam essas ações com os governos e comunidades locais para garantir alinhamento com as prioridades de educação e alimentação estabelecidas. Outra prática constante é envolver os agricultores familiares no processo.
Esse trabalho de envolvimento dos agricultores familiares no processo é, para Bruno Costa e Silva, Assessor Internacional do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) , do Ministério da Educação, o que garante o sucesso dos programas de alimentação escolar, especialmente no contexto da pandemia. “Os lugares que estão se saindo melhor durante a pandemia no Brasil são aqueles em que já havia articulação entre a alimentação escolar e a agricultura familiar estabelecida. Um exemplo é o estado do Amazonas, que tem sido notícia por causa de situações trágicas trazidas pela COVID-19, mas que, contraditoriamente, é o local onde há cem por cento de compra dos produtos provenientes da agricultura familiar para garantir a alimentação nas escolas” , disse.
Cooperação
A analista de programa da Cooperação Sul-Sul Trilateral com Organismos Internacionais da Agência Brasileira de Cooperação, Paola Barbieri, disse que o fortalecimento dos programas governamentais de alimentação escolar sustentável e a luta contra a insegurança alimentar sempre foram considerados fundamentais para a cooperação brasileira, especialmente agora no momento da pandemia. A analista destacou as realizações da ABC no ano passado: “Em 2020, a cooperação brasileira viabilizou, junto com a FAO e com o PMA, a realização de pelo menos seis videoconferências para refletir sobre os desafios da distribuição da merenda escolar, além da realização de três capacitações sobre alimentação escolar, incluindo a perspectiva da pandemia, para mais de 2 mil profissionais da América Latina e do Caribe, no âmbito da parceria Brasil- FAO”.
Daniel Balaban, Diretor do Centro de Excelência em Brasília contra Fome do PMA , lembrou que, segundo dados do PMA-WFP e do UNICEF, com o fechamento das escolas em todo o mundo, cerca de 369 milhões de estudantes ficaram sem alimentação. Balaban afirmou a importância de expandir os programas de alimentação escolar, além de monitorar, por meio da tecnologia, as diversas ações que estão sendo realizadas: “Nós, do PMA, acreditamos na importância de criar capacidades sólidas de regular, gerenciar, entregar e monitorar a alimentação escolar” , disse. “A velocidade na troca de informações pode contribuir para que os países encontrem melhores formas de se recuperar. É isto o que cooperação significa: compartilhar experiências com os pares. Dessa forma não só crescemos juntos, mas nos apoiamos uns aos outros durante momentos difíceis” .
Carmen Burbano, diretora da Divisão de Programas Escolares do PMA , anunciou, durante o evento, que o Programa Alimentar Mundial (PAM) irá lançar, no dia 24 de fevereiro, um relatório para apresentar o cenário mundial de alimentação escolar. A publicação conta com cinco capítulos, que abordam os esforços globais de cobertura dos programas de alimentação escolar, além de outras intervenções para além das refeições escolares. Um capítulo extra, dedicado exclusivamente ao tema no contexto da pandemia, foi adicionado ao livro com exemplos de boas práticas. “Esperamos que a publicação possa ser uma inspiração para os tomadores de decisão” , declarou Burbano.
Autor: Cláudia Caçador