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A Alimentação Escolar Transforma a sua receita na América Latina
Tudo isto mudou depois que a santa-lucense visitou o Brasil, em 2014, e conheceu o sistema brasileiro que prioriza uma atenção contínua, dietas balanceadas e integração com a agricultura familiar de cada local.
“Quando voltei, disse ao meu governo: isto é um bom exemplo de algo que podemos fazer para nós", disse Daniel, que era chefe de planificação do Ministério da Agricultura de seu país.
Agora, o pequeno Estado insular do Caribe prioriza as compras a produtos locais, especialmente aqueles dedicados a agricultura familiar, e trabalha em melhorar as dietas que recebem os escolares nos diferentes centros.
O caso de Santa Lucia não é único. Uma nova geração de programas de alimentação escolar que juntam nutrição saudável, compras públicas a agricultura familiar e integração social estão transformando lanchonetes e comunidades pela região da América latina e o Caribe.
Estes projetos tomam como referência o Programa Nacional de Alimentação Escolar do Brasil, fruto de uma parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) , um programa amplo que madureceu por anos e agora se encontra no coração de um projeto regional, impulsionado pelo governo brasileiro.
Atualmente, o projeto regional procura fortalecer a alimentação escolar em 13 países latino-americanos e caribenhos, mediante a Cooperação Triangular Sul-Sul que recebe o apoio da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Delegados dos países participantes da iniciativa, da FAO e do governo brasileiro foram para a capital costarriquense entre segunda, dia 20, e quarta, dia 22, para participar do encontro da "Alimentação Escolar como estratégia para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável" , os ODS, e para compartilhar suas experiências.
“Este tipo de talheres fortalecem a todos. Ao próprio programa do Brasil, fortalece aos países e aos governos. Na verdade, funciona como uma retroalimentação para inspirar o troco" , explicou Najla Veloso, coordenadora regional o Projeto de Fortalecimento dos Programas de Alimentação Escolar na América Latina e no Caribe.
O sistema brasileiro foca sua atenção em garantir a cobertura da alimentação escolar de maneira contínua e com alimentos de qualidade. Os menus utilizam alimentos produzidos por agricultores locais e hortas escolares nos próprios centros educativos.
“(No Brasil), estamos falando de oferecer comida saudável e de maneira contínua todos os dias do ciclo letivo, alienado com a educação alimentaria e nutricional e compras a agricultores familiares" , detalhou Veloso à IPS durante o encontro.
Em um país de 208 milhões de habitantes, mais de 41 milhões de estudantes brasileiros recebem uma ou mais comidas nas lanchonetes dos centros educativos, explicou Veloso, mediante uma coordenação do governo federal, as autoridades de cada Estado e os representantes municipais “Em nenhum país do mundo se tem isto" , assegurou a especialista brasileira.
Com este caso de êxito como referência, o projeto de cooperação técnica regional começou em 2009 com cinco países, chegou a trabalhar com 17 e agora se mantêm a 13 programas da nova geração, em uma iniciativa que está planificada a concluir-se este ano.
Segundo Veloso, mais de 68 milhões de escolares da região, além dos brasileiros, se beneficiaram com as lanchonetes inovadas, se há potenciado a articulação com comunidades e agricultores locais.
Na atualidade, o projeto está presente em Belice, Costa Rica, El Salvador, Granada, Guatemala, Guiana, Honduras, Jamaica, Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa Lucia, e São Vicente e as Granadinas.
O projeto rendeu diferentes frutos, seguiu diferentes processos em cada país e assumiu diferentes formatos, segundo experiências trocadas em São José.
No caso de Santa Lucia, por exemplo, as autoridades se aliaram com o setor privado para arrecadar fundos e conseguiram prover comida a entre 8.000 e 9.000 escolares de entre 5 e 12 anos, disse Daniel.
Em Honduras catalisou um trabalho das bases que permitiu uma articulação orgânica desde os municípios e das escolas, compartilhou durante o encontro Joselino Pacheco, coordenador do programa de Merenda Escolar.
“Nós não tínhamos uma lei de alimentação escolar até o ano passado, mas isto não nos deteve por que nosso trabalho vem desde a base" , explicou o delegado hondurenho.
A lei, promulgada em setembro de 2016, construiu sobre o que vinha trabalhando um programa estatal fundado em 1998, e se respalda em organizações sociais que apoiam o processo e que em parte são respaldadas pelo projeto regional, disse Pacheco a IPS.
Junto a Honduras, também Bolívia, Brasil e Paraguai contam na região com uma lei específica para regular a alimentação escolar.
No caso do anfitrião Costa Rica, o país já tinha um programa de alimentação escolar estendido e forneceu cuidados contínuos, pelo que as autoridades disseram, focaram em expandir suas capacidades incluindo os elementos a favor da segurança alimentaria da nova geração de iniciativa.
“Desde o ano de 2015 se há desenvolvido um programa de abertura de lanchonetes durante o recesso de metade do período e o início e final do curso letivo" , explicou a primeira dama costarriquenha, Mercedes Peñas, uma expert reconhecida no tema de desenvolvimento municipal.
Nesse primeiro ano se fez um plano piloto em 121 lanchonetes localizadas nos 75 distritos mais vulneráveis e para 2016, o país ampliou a quantidade de lanchonetes e serviu uns 200.000 pratos nos primeiros 40 dias do curso escolar.
Estas são invenções que veem frutos em curto prazo, com uma melhor alimentação das crianças. Mas também têm um impacto de saúde pública por décadas, disse Ricardo Rapallo, coordenador técnico do programa Mesoamérica sem Fome.
“Tudo o que não trabalharmos sobre bons hábitos alimentares desde criança, é mais complicado mudá-los depois," disse Rapallo.
O que acontece nas lanchonetes escolares é fundamental para conseguir i, desenvolvimento econômico, social e ambiental na América Latina, coincidiram os expositores, que veem isto como um veículo fundamental para alcançar vários dos 17 ODS, que devem ser cumpridos para 2030.
“A experiência de um programa de alimentação escolar, junto a um programa de compras públicas a agricultura familiar, faz possível a agenda aos 2030” , disse Tito Díaz, coordenador sub-regional para Mesoamérica da FAO, durante um dos painéis do encontro de três dias.
Um caso icônico emergiu do testamento de Daniel. Em Belle Vue, uma localidade ao sudoeste de Santa Lucia, a lanchonete escolar inspirou mulheres da comunidade e elas começaram sua própria horta.
“Elas chegaram à lanchonete escolar e disseram que queriam produzir. Muitas delas têm filhos nas escolas" , apontou Daniel, quem agora exerce como diretora do programa de alimentação escolar em Santa Lucia e com link na matéria entre a FAO e a Organização de Estados do Caribe Oriental.
A escola instalou uma creche para atender aos filhos das mulheres que ainda não estavam na idade escolar e assim elas puderam dedicar-se à horta. Graças à isso, umas 30 mães recebem agora um ingresso fixo.
Veloso explicou que, se o projeto de fortalecimento encerrar bem este ano, analisar-se-á que necessidades e oportunidades deverão ser valorizadas se lançarem uma segunda etapa.
Fonte : IPS Noticias
Foto : Diego Arguedas Ortiz/ IPS