Notícias
2º encontro do Seminário Latino-Americano de Políticas Públicas para a Inclusão Digital debateu a emancipação de populações em situação de vulnerabilidade
O 2º encontro do Seminário Latino-Americano de Políticas Públicas para a Inclusão Digital debateu a “Apropriação Digital. Emancipação de populações em situação de vulnerabilidade”, nos dias 13 e 14 de junho corrente. Como parte do ciclo de quatro eventos com foco em políticas públicas voltadas para a inclusão digital na região latino-americana, o encontro é uma realização da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e do Instituto Lula.
Durante o evento, foram tratados assuntos como alfabetização e apropriações digitais, conexão e acesso à sociedade, práticas de cuidado e inclusão digital para grupos em vulnerabilidade. Realizado em formato híbrido, contou com a presença de representantes das três instituições e de onze países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, México, Panamá, Peru e Uruguai).
A Diretora-Adjunta da ABC, Embaixadora Luiza Lopes, abriu o encontro ressaltando a importância da troca de informações acerca da inclusão digital na região, bem como as possibilidades de cooperação entre as instâncias com poder de decisão sobre a matéria. “Acreditamos que, entre os resultados do diálogo, se incluirá o amadurecimento de ideias para uma nova etapa de cooperação entre países, membros da rede e outros que vierem a aderir ao programa. É uma cooperação que promete trazer muitos benefícios para as nossas populações”.
Cecília Leite, diretora do Ibict, ressaltou a importância da iniciativa. “O acesso à tecnologia é uma forma de inclusão social e ajuda a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Temos um grande potencial de cooperação entre países que possuem problemas similares, mas oferecem soluções criativas para a melhoria de políticas públicas e para avançar a transformação digital de forma inclusiva e sustentável ”, declarou.
Acesso a tecnologias
Durante os dois dias de seminário, os participantes compartilharam informações, pesquisas, experiências e ações locais relacionadas à inclusão digital de populações em situação de vulnerabilidade, tais como pessoas com deficiência, de 60 anos ou +, jovens, negras e negros, indígenas, mulheres e comunidade LGBTQIA+.
Entre outras iniciativas, foram apresentados projetos como o Ponto Digital (rede de espaços públicos gratuitos que proporciona conectividade e atividades culturais na Argentina); Aldeias Inteligentes ( programa que fornece conectividade para pessoas que vivem em áreas rurais e indígenas do México); Plano Ibirapitá (que capacita idosos para o uso de tecnologia no Uruguai). O evento subsidiará a elaboração de documento com as posições dos países participantes.
Inclusão e saúde
A Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, apresentou a estrutura da pasta, recém-criada com vistas a formular políticas públicas relacionadas à gestão da saúde digital. “O SUS tem um banco de dados que é um patrimônio nacional. A nossa pasta está voltada para a inclusão digital do cidadão e como pensar a saúde como um espaço para a promoção da integração de dados e disseminar informações estratégicas pela via digital”, afirmou . Ana Estela ressaltou, igualmente, a importância de habilitar o cidadão no sentido de recorrer a tecnologias e ter acesso a informações confiáveis, de modo a evitar a desinformação.
Para Fernando Horta, pesquisador do Instituto Lula, o debate sobre inclusão digital também deve ser avaliado a partir da ideia de soberania digital, que pode tornar os países da América Latina menos dependentes do chamado Norte Global.
O professor da Universidade de Virgínia (EUA), David Nemer, também convidado especial do evento, realizou palestra sobre os temas de seu livro “Tecnologia do Oprimido: desigualdade e o mundano digital nas favelas do Brasil”, baseado em extensa etnografia, que relata como os moradores de favelas utilizam diferentes tecnologias no cotidiano.
Ciclo de seminários e observatório
O ciclo de seminários tem como principais objetivos conhecer a realidade de cada um dos países da América Latina, compartilhar informações e fomentar a cooperação entre as instâncias decisórias acerca do tema.
O terceiro seminário está previsto para os dias 18 e 19 de julho próximo, sobre o "Desenvolvimento industrial e sustentabilidade ambiental e social", em Brasília. Já o quarto seminário, marcado para 22 e 23 de agosto próximo, será no formato presencial, também em Brasília (DF), com o título: "Observatório informacional latino-americano para o desenvolvimento digital sustentável", que debaterá o desenvolvimento de plataforma na internet. O observatório tem como objetivo tornar-se ferramenta que permitirá aos países parceiros manter estreito relacionamento, trocar informações e conhecimentos, além de fortalecer capacidades da região em relação ao tema.