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Governo Federal mobiliza ações para evitar novos danos em Brumadinho (MG)
Órgãos discutiram qualidade da água, avanço dos rejeitos, Barragem VI e Política Nacional de Segurança de Barragens
O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, reuniu na manhã deste domingo (27) representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), Ministério de Minas e Energia (MME), Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e Agência Nacional de Mineração (ANM) para avaliar a qualidade da água do rio Paraopeba após o rompimento de uma barragem no município de Brumadinho, em Minas Gerais. Também foram discutidas questões sobre o avanço dos rejeitos, a estabilidade da Barragem VI e a Política Nacional de Segurança de Barragens.
De acordo com o ministro, a situação da Barragem VI está controlada e a estrutura permanece em constante monitoramento. "A decisão de evacuar a área hoje foi preventiva. Houve um aumento rápido do nível de água no tanque dessa outra barragem, que teve a drenagem comprometida por conta do rompimento da primeira. Apesar de estar bem abaixo do nível de alerta, as sirenes foram acionadas para que não houvesse qualquer risco. O volume já está reduzindo e uma segunda bomba foi instalada para retirada da água. Estamos acompanhando bem de perto", explicou.
Outro ponto da reunião foi a preocupação com a qualidade da água e possíveis impactos no rio Paraopeba. O ministro Gustavo Canuto destacou que, quando há uma forte movimentação de massa, como os rejeitos no rio, o sedimento que estava depositado no fundo pode ir para a superfície, o que aumenta o risco de alterações ou contaminação. "Foram estabelecidos 47 pontos de coleta da água, realizada por técnicos da CPRM, para que seja submetida a análises químicas. A previsão é que até a próxima semana tenhamos um resultado parcial e uma noção mais completa das condições da água", frisou.
Sobre o avanço da lama, o ministro ainda afirmou que já foi constatada a redução da velocidade, que neste momento é inferior a 1km/h. "Essa onda está caminhando aos poucos. A previsão é que chegue até o reservatório da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo entre 2, 3 ou até 7 de fevereiro. Ainda não há como confirmar essa data, já que a velocidade está diminuindo. O esperado é que, como a estrutura do reservatório é maior, a lama se espalhe, reduza ainda mais a velocidade e seja amortizada. Continuaremos acompanhando e monitorando", ressaltou.
Fiscalização de barragens
De acordo com o titular do Desenvolvimento Regional, será necessário rever a Política Nacional de Segurança de Barragens - editada em 2010 - e a legislação do setor. "É preciso uma revisão. Após o acidente de Mariana (MG), vários projetos foram apresentados, mas ainda não foi possível finalizar a alteração dessa lei. Foi consenso aqui entre os técnicos que isso precisa ser revisado", explicou.
A fiscalização das barragens com rejeitos minerais é feita pela ANM. Contudo, o projeto das barragens e as licenças de implantação e operação são aprovados pelos governos estaduais. "Portanto, é uma responsabilidade conjunta. Para resolvermos essa situação e impedir que novos desastres semelhantes aconteçam será necessário o empenho e envolvimento da iniciativa privada e do poder público, tanto estados quanto a União", destacou Gustavo Canuto.
Participaram do encontro a presidente da ANA, Christianne Dias; o secretário nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Alexandre Vidigal; o presidente da CPRM, Esteves Colnago; e o superintendente da ANM, José Alves dos Santos.
Apoio federal às buscas
Equipes da Defesa Civil Nacional permanecem em Brumadinho apoiando o trabalho das defesas civis estadual e municipal. Na tarde deste domingo (27), o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), área estratégica do Ministério do Desenvolvimento Regional, também apresentou à imprensa um mapa desenvolvido para contribuir no resgate às vítimas - ação que está sob o comando do Governo do Estado.
A partir das informações disponibilizadas pelo Cenad, bombeiros poderão analisar imagens do antes e depois na região onde ocorreu o rompimento da barragem. A tecnologia de georrefereciamento aponta localidades onde estavam residências e outras construções, estradas, acessos, linhas férreas e outros. "Essa ação contribui, otimiza e prioriza a busca de vítimas, prioridade máxima neste momento", explicou o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas. A iniciativa é fruto de um acordo internacional com 17 países que utilizaram 34 satélites.