Notícias
Artes Visuais
Você conhece o Abaporu?
Abaporu, óleo sobre tela, Tarsila do Amaral - Colección Costantini (Buenos Aires, Argentina)
Concebido em 1928 por Tarsila do Amaral (1886-1973), o quadro “O Abaporu” foi na verdade um presente de aniversário ao seu marido à época, Oswald de Andrade (1890-1954). Animado com a obra, Oswald, junto ao poeta Raul Bopp (1898-1984), começou a analisar a tela. Segundo eles, aquela figura enigmática foi interpretada como um índio canibal, um homem antropófago, ou seja, aquele que iria se alimentar da cultura, digerir e reinventá-la.
Apesar de muito inspirada, Tarsila não havia batizado sua obra-prima. Empolgada com a avaliação, buscou seu dicionário tupi-guarani e traduziu as falas como “aba” e “poru”, ou seja, “homem que come”, formando, assim, o nome Abaporu. A obra foi tão importante, que influenciou Oswald de Andrade a produzir o Manifesto Antropófago (1928) – manifestação cultural e artística nacionalista, tendo a gravura impressa no meio de seus verbetes. A relevância do quadro foi maior que o casamento. Com o rompimento em 1929, Tarsila ofereceu uma coleção de “O Enigma de Um Dia”, de Giorgio de Chirico (1888-1978), à época, muito mais valorizada, e ficou com seu índio-canibal.
Nos anos 1960, na esperança de que o quadro comporia o acervo de um museu, Tarsila o vendeu para Pietro Maria Bardi (1900-1999), um dos fundadores do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Bardi, menos de um mês após a compra, o repassou para o colecionador Érico Stickel (1920-2004). Em 1984, o galerista Raul Forbes o comprou por US$ 250 mil, até então o valor mais caro já pago por uma pintura brasileira. Já em 1995, Forbes leiloou o Abaporu para Eduardo Constanini, por US$ 1,35 milhão – um novo recorde nacional.
Constantini criou o Museu de Arte Latino-Americana (Malba) de Buenos Aires, na Argentina, para o qual doou a coleção. O Abaporu voltaria a ser exibido no Brasil em 2008, em mostra na Pinacoteca do Estado, em São Paulo (SP); em 2011, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF); e em 2016, no Rio de Janeiro (RJ). Em abril de 2019, o quadro chegou à casa sonhada por Tarsila: o MASP. Na ocasião, a exposição “Tarsila Popular” reuniu cerca de 120 obras da artista. Atualmente, o quadro ainda pertence ao acervo do Malba.
Prêmio Funarte Medalhas do Centenário da Semana de Arte Moderna
A Fundação Nacional de Artes – Funarte está com inscrições abertas para o Prêmio Funarte Medalhas do Centenário da Semana de Arte Moderna. A iniciativa faz parte de um conjunto de ações referentes aos cem anos do evento – que marcou o modernismo brasileiro, um dos movimentos artístico-culturais mais importantes do país.
O objetivo do concurso é realizar, em âmbito nacional, a seleção de projetos de design gráfico digital de medalhas inspiradas, estética e/ou simbolicamente, no Centenário da Semana de Arte Moderna. A intenção é estimular o pensamento crítico, bem como a difusão das artes visuais digitais, em geral, e a valorização do design brasileiro.
Serão contemplados dez projetos. Cada um deles receberá R$ 10 mil, o que totaliza R$ 100 mil em premiações. As inscrições devem ser realizadas exclusivamente por meio de uma plataforma digital. Acesse o edital e mais informações aqui, na página do concurso.