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Programa Águas Brasileiras vai revitalizar seis nascentes da bacia do São Francisco na Bahia
O primeiro ato do Programa Águas Brasileiras em Brejo da Brásida foi o plantio de 100 mudas de espécies nativas da Caatinga, realizado por moradores da região (Fotos: Roberto Wagner e Rodrigo Ponccineli/MDR)
Brasília (DF) – O Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), iniciou a execução do plano de recuperação de seis nascentes que integram a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, localizadas no distrito de Brejo da Brásida, no município de Sento Sé, na Bahia.
Este é o primeiro projeto a ser executado no âmbito do Programa Águas Brasileiras, que tem o objetivo de ampliar a proteção e a recuperação de nascentes, córregos e matas ciliares nas bacias hidrográficas do País. Em um primeiro edital, 26 projetos foram selecionados para receber a chancela do MDR na busca por patrocinadores privados. Um segundo edital será lançado na próxima segunda-feira (18), no primeiro dia da Jornada das Águas, evento do Governo Federal que vai percorrer, em 10 dias, Minas Gerais e os nove estados do Nordeste .
“O Águas Brasileiras tem o objetivo de recuperar as principais bacias hidrográficas do País, a partir da revitalização das suas nascentes e da preservação e plantação de matas ciliares no seu perímetro. São ações já iniciadas, como em Brejo da Brásida, que deram frutos. Isso é só o início, porque temos a missão de preservar e cuidar das águas brasileiras”, destaca o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
O projeto busca dar continuidade a medidas de preservação e revitalização já iniciadas pela comunidade baiana. As seis nascentes que receberão as intervenções são Rio Claro, Izuina, Lelé (Baixa da Quixadeira), Adelson, Manilhas e Olho D’água.
A ação, que tem prazo de execução de 12 meses, será implementada pela Associação de Moradores de Brejo da Brásida (AMBB), proponente do projeto. Os investimentos serão de R$ 303 mil, aportados pela Engie Brasil Energia, que já apoia ações de conservação e recuperação de Caatinga em projetos na região, sendo uma parceira do Programa Águas Brasileiras.
“O Programa Águas Brasileiras veio abrir esse portal fechado, escondido. De agora em diante, as pessoas vão saber que é possível recuperar nascentes e que o Governo do Brasil está pensando nisso”, destaca a coordenadora da Associação de Moradores do Brejo da Brásida, Mariluze Amaral.
A gerente de Meio Ambiente da Engie Brasil Energia, Karen Schroder, explica o porquê de a empresa ter patrocinado o projeto. “A Engie pratica um modelo de crescimento sustentável atento aos desafios da transição energética. Portanto, a decisão de apoiar o projeto do Brejo da Brásida está pautada na nossa política de sustentabilidade, bem como na busca de melhoria da qualidade ambiental das regiões onde estão inseridos nossos empreendimentos”, comenta.
O primeiro ato do Programa Águas Brasileiras no distrito baiano foi o plantio de 100 mudas de espécies nativas da Caatinga, realizado por moradores da região. Além de ter participação ativa no sistema de recuperação das nascentes, a comunidade receberá 12 cursos técnicos sobre práticas de educação ambiental. A intenção é preparar a população local para proteger e usufruir os recursos naturais de maneira sustentável.
“O pessoal aqui vive a Caatinga 24 horas por dia. Eles dependem desses recursos vegetais desde o insumo para escovar os dentes até a planta que os animais deles comem”, conta o coordenador da Associação de Moradores do Brejo da Brásida, Erick Almeida. “A gente não pode pensar nisso como uma boa ação. É um imperativo, nós temos que recuperar nascentes. Todas as atividades econômicas exercidas pela comunidade dependem dessa água”, reforça.
Ao todo, serão plantadas 50 mil mudas de árvores como o juazeiro, embiruçu, aroeira, barriguda, jatobá, angico, jurema branca, jureminha, e umburana de cheiro, entre outras.
Comunidade beneficiada
Um exemplo do uso sustentável da flora da região do Brejo da Brásida é o da bióloga Larissa Cardoso. Formada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), ela ministra o curso “Caatinga Cheirosa”, com o objetivo de capacitar a população a produzir cosméticos por meio dos recursos locais.
“Vamos unir a parte do conhecimento industrial com o popular. A ideia é fazer sabonete líquido, xampu, máscara corporal e capilar, entre outros cosméticos, com novas fórmulas, usando os produtos da Caatinga”, explica Larissa.
Preservação das nascentes e da cultura
Um dos focos do projeto passa pela união de esforços da comunidade na participação das atividades de recuperação das nascentes. A ideia é criar uma rede de multiplicação de conhecimento e práticas sustentáveis de gestão do recurso hídrico na região.
Genelício Pires Aragão, 80 anos, é um dos moradores mais antigos de Brejo da Brásida. De acordo com ele, as ações de revitalização das nascentes já apresentam resultados positivos.
“Tínhamos vários olhos d’água aqui que secaram. Agora que está criando a floresta de novo, está melhorando para nós”, relata. “Melhorando a água, tudo fica mais fácil. A Caatinga vai florescer e aí temos água para beber e comida para dar aos bodes, gados e outros animais”, completa.
Programa Águas Brasileiras
Desde que foi implantado, há seis meses, o programa selecionou 26 projetos de revitalização de bacias para ampliar o fornecimento de água no país. A meta do governo é atrair investimentos privados para projetos de recuperação e preservação de áreas degradadas. Esses projetos vão beneficiar mais de 250 municípios de 10 estados, sendo 16 projetos para a Bacia do Rio São Francisco, dois para a do Rio Parnaíba, dois para a do Rio Taquari e seis para a do Rio Tocantins-Araguaia.
As ações previstas são de curto, médio e longo prazo, como plantio de 100 milhões de árvores em dois anos e conclusão de empreendimentos de saneamento, reuso de água e técnicas sustentáveis.
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